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Ciberarquiteto

Arquitetura do medo

Sistemas de vigilância sugerem uma falsa promessa de segurança e blindagem, negando a ideia de cidade

Fui convidado para participar do fórum on-line da Philip Johnson Glass House, organização americana de preservação da arquitetura moderna, respondendo à questão: Qual sua fantasia arquitetônica brasileira e como ela se corresponde com a realidade atual?

Antes de responder, procurei as definições de "fantasia" no dicionário. Alguns dos sentidos que encontrei são obra de imaginação, devaneio, capricho, extravagância e traje fantasioso que se usa no Carnaval (Michaelis). No mesmo dia, o jornal me lembrou da minha realidade, como faz diariamente, com seus números crescentes de homicídios, assaltos, sequestros, estupros e outras atrocidades que têm acontecido em São Paulo.

O embrulho no estômago impulsionou minha resposta àquela pergunta. Se a arquitetura retrata os valores e ideais de um povo, a brasileira reflete acima de tudo a impunidade e a violência cotidiana das cidades.

Um dos estilos arquitetônicos predominantes no nosso país pode ser definido como Arquitetura do Medo. E a estética dos edifícios todos nós conhecemos: muros altos, grades opulentas, cercas elétricas e arame farpado, guaritas e sistemas de vigilância que sugerem uma falsa promessa de segurança e blindagem, negando a ideia de cidade e aprisionando os moradores em bolhas de ilusão.

Minha fantasia? Um país sem violência, assassinatos e roubos na esquina de casa, sem que eu precise temer pela vida da minha família e de meus amigos.

Minha fantasia? Arquitetura sem barreiras, com edifícios abertos para a cidade e o homem reintegrado.

Minha fantasia? Prédios que reflitam a suposta alegria do povo brasileiro de que tanto se fala e se explora mundo afora, em edifícios mais criativos, ousados e originalmente brasileiros. Seria isso tudo imaginação, extravagância, devaneio, capricho ou fantasia de Carnaval?

Obs.: As discussões da Philip Johnson Glass House são abertas aos interessados em arquitetura, arte, design e urbanismo. O tópico com a minha resposta e a de outros profissionais como arquitetos e designers estará disponível até o dia 11 de junho no site www.glasshouseconversations.org (em inglês).


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