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Ciberarquiteto

Meu, seu, nosso?

Designers e arquitetos têm o desafio de projetar, mais que nunca, relações --entre pessoas e ambientes

Refletindo sobre os limites entre o público e o privado, aqui em Amsterdã, me dou conta de minha atividade favorita nessa cidade: passear discretamente pelas ruas, à noite, analisando a arquitetura de interiores das casas.

Abertas para a calçada, elas têm janelas de vidro grandes que enquadram e revelam a vida privada das famílias. São grupos de pessoas que cresceram se apropriando da rua e que a entendem como uma extensão natural de seus lares.

É como se a rua entrasse para dentro das casas, e essas saíssem para a rua. Ali, tudo se mistura e se pertence.

Na Holanda, desde muito cedo, se aprende o sentido de viver em comunidade, e educação sempre foi uma prioridade.

No Brasil, ao contrário, é comum pensar que shopping center é espaço público -- e é crescente o número de novos empreendimentos imobiliários que negam a cidade. Constroem-se fortalezas muradas, bolhas de proteção e afirmação de que a cidade não pertence às pessoas.

Seja em Amsterdã ou em São Paulo, fazemos parte da geração que assiste ao surgimento da "era digital". E, para mim, uma das suas características mais instigantes é a mistura entre espaço, tempo e corpo.

Hoje, em qualquer lugar e a qualquer momento, eu comunico e projeto meu corpo virtual para territórios simbólicos na rede. O advento das novas tecnologias de informação e comunicação alterou para sempre nosso entendimento sobre as definições tradicionais entre o que é público e o que é privado.

Quantas vezes presenciamos, num local público, um desconhecido brigando com a namorada pelo telefone celular? É como se o aparelho trouxesse uma espécie de casulo privado para o meio da rua, onde é possível gritar e fazer confissões.

O oposto dessa situação é imaginar que, com um computador conectado à internet dentro do meu quarto (a esfera mais privada da minha casa), eu posso estar levando, de certo modo, um pouco da instância pública e coletiva.

Cabe aos designers e arquitetos o desafio de projetar, mais do que nunca, relações --entre pessoas e ambientes, e entre os novos limites borrados do público e do privado.


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