Folha de S.Paulo

Ciberarquiteto

Desafio de Natal ao leitor

A decoração natalina é sempre um 'popularshow' de horrores, com peças sem sem humor e brasilidade

Todo fim de ano, procuro em São Paulo um projeto de Natal inspirador. Até hoje não encontrei. É sempre a mesma decoração nas ruas, nas fachadas dos prédios, nos shoppings. E não dá para alegar falta de dinheiro.

Em meio à crise financeira, Lisboa deixou de construir, no ano passado, sua tradicional árvore de Natal, considerada uma das maiores da Europa, para inovar com pouca verba. Convidou 25 profissionais para participarem de um concurso público para decorar ruas e praças do centro histórico da cidade. Comissionada pela prefeitura e pelo Mude (Museu do Design e da Moda), a ação teve obras como a do designer Pedro Sottomayor, que fez bancos em formato de estrelas, iluminadas à noite (foto).

Em 2007, os artistas do United Visual Artists criaram, no centro de Londres, 14 conjuntos de esferas aglomeradas e iluminadas que lembravam as típicas bolas natalinas. As luzes respondiam aos estímulos do entorno, como o movimento das pessoas nas ruas.

Outro exemplo do design e das tecnologias digitais aplicadas à decoração de natalina é o projeto "Abies-Electronicus", do 1024 architecture. Em 2010, esse jovem escritório parisiense fez uma instalação audiovisual em que andaimes metálicos se tornaram ramos que recebiam "videomapping" (projeções de luz e imagem). O tronco funcionava como um mirante para a cidade, e a base tinha, em vez de um presépio, um bar de vinho quente.

Em São Paulo, no meu caminho para casa, vejo um depressivo e "popularshow" de horrores, com neve artificial e Papai Noel com ajudantes polares em pleno verão. Peças sem nenhuma proporção, sem humor, sem conceito, sem brasilidade. Alô alô, políticos e empresários: quem disse que apenas esses símbolos estimulam nossa memória afetiva no Natal?

Desafio o leitor a enviar para o e-mail desta coluna imagens das piores e das melhores decorações natalinas deste ano, caso as encontre.