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'Efeito estatal' afeta os lucros em 2012

Empresas que sofrem ingerência política, como Petrobras e Eletrobras, derrubam resultados da 'elite' da Bolsa

Lucro das principais companhias de capital aberto cai 45% no ano; sem governo, queda seria de apenas 12%

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

O lucro das principais empresas brasileiras com ações negociadas na Bolsa paulista caiu 45% em 2012, influenciado principalmente por aumento de custos e por retração na demanda externa.

Os dados, que consideram as 64 empresas do Ibovespa -principal índice da Bolsa -, são de levantamento feito a pedido da Folha por Michael Viriato, professor de finanças do Insper, a partir de informações da consultoria Economatica.

Houve uma forte influência das empresas que têm algum tipo de ingerência política no resultado geral. Retirando a Petrobras, a Eletrobras e a Vale do cálculo, o lucro do "grupo de elite" da Bolsa tem queda menos acentuada, de apenas 12%.

No ano passado, a Petrobras amargou retração de 36% no lucro, impactado pelo aumento das importações de combustíveis e pela defasagem entre os preços desses produtos no país e os praticados no mercado externo.

Já a Eletrobras, que teve prejuízo de R$ 6,8 bilhões -o maior de sua história-, foi prejudicada pelas novas regras do setor elétrico, que obrigaram a empresa a reduzir tarifas para antecipar a renovação de suas concessões.

No caso da Vale, pesou o pagamento extra de R$ 3 bilhões em tributos que eram contestados na Justiça.

Apesar de não ser mais estatal, o bloco de controle da mineradora é formado por acionistas que estão na esfera de influência do governo, como o fundo de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e a BNDESPar (braço do BNDES).

Também explicam a queda de 74% no lucro da Vale a revisão no valor de ativos e a retração na demanda da China, seu principal cliente.

CUSTOS

A receita das empresas subiu 9% em 2012 -acima, portanto, da inflação, que avançou 5,8% no período, segundo o índice oficial (IPCA). "É razoável, dado o crescimento do PIB de 0,9%", afirma Michael Viriato, do Insper.

Apesar do aumento, a receita não foi suficiente para manter o patamar de lucro da maioria das empresas. O Lajir (lucro antes de juros e IR), que exclui influências do crescimento da dívida ou do pagamento de impostos sobre o resultado final, caiu 51% para as empresas do Ibovespa no ano passado.

Segundo Viriato, a piora no desempenho operacional indica que os custos relevantes, como o de mão de obra, subiram mais do que a inflação.

O gerente da equipe de pesquisas do BB Investimentos, Nataniel Cezimbra, lembra que a mudança no patamar do câmbio também afetou o resultado de empresas que têm produtos importados na composição dos custos. O real se desvalorizou em 17% em relação ao dólar em 2012.

"Provavelmente as empresas não conseguiram repassar todo o aumento de custo para os preços, diz Viriato.


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