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Concessões atrasam e terão efeito nulo no PIB deste ano

Com demora no lançamento de editais, é praticamente impossível que obras de infraestrutura comecem em 2013

Pacote era visto como catalisador do crescimento; governo diz que, neste ano, impacto será 'indireto'

DIMMI AMORA VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Anunciado como importante medida para ajudar a alavancar o PIB brasileiro, o pacote de concessões do governo Dilma Rousseff não acrescentará um real ao crescimento do país neste ano.

Com os atrasos nos lançamentos dos editais, é praticamente impossível que alguma obra comece em 2013, considerando os prazos mínimos que o governo e as empresas têm entre o fim do leilão e o início de uma obra, quando os gastos passam a valer para a conta do PIB.

O pacote prevê gastos de R$ 85 bilhões em rodovias, ferrovias e aeroportos em cinco anos, o que dá uma despesa média anual de R$ 17 bilhões, o equivalente a 36% de todo o investimento pago pelo governo federal em 2012.

Durante o lançamento do programa de rodovias e ferrovias, em agosto do ano passado, a presidente destacou a importância do pacote para o crescimento do país.

O ministro Guido Mantega (Fazenda) foi ainda mais incisivo ao falar do papel do pacote para o crescimento.

"Com todas essas medidas, poderemos assegurar que, no ano que vem [2013], a economia poderá crescer acima de 4%", disse em setembro, referindo-se também à desoneração da folha de pagamentos.

Analistas também apontaram o pacote como catalisador do crescimento. Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, projetou, em dezembro, crescimento de 4% para 2013. Entre as razões para o otimismo, estava o pacote de concessões.

BAIXO INVESTIMENTO

O baixo investimento foi o principal fator para o fraco crescimento do PIB no biênio passado, segundo analistas.

Mansueto Almeida, economista do Ipea, afirma que os investimentos (públicos e privados) caíram de um patamar de 20% do PIB em 2010 para menos de 18% em 2012. Já o investimento específico do governo federal recuou nos últimos dois anos, após chegar a 1,25% do PIB em 2010.

"Hoje, o governo investe o mesmo que em 2000, 2001 em percentual do PIB. Eles tentaram fazer tudo sozinhos, mas viram que não era possível. Por isso fizeram esse pacote. Mas o efeito dele [para o PIB] vai ser apenas em 2014", afirmou Almeida.

Apesar do discurso otimista do governo no ano passado sobre os efeitos das concessões no PIB, hoje a avaliação é mais conservadora.

"Nas nossas previsões de crescimento deste ano, não embutimos as obras dos programas de concessões. Sabemos que elas, na sua maioria, não vão começar em 2013, mas no próximo ano", afirmou à Folha a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Ela diz, contudo, que o pacote terá impacto indireto sobre o ritmo da economia neste ano mesmo com as obras começando em 2014.

"A expectativa e a fase de preparação para fazer os investimentos já têm efeito sobre a economia", afirmou.

Internamente, a orientação do Palácio do Planalto é dar prioridade ao pacote de concessões. Segundo um assessor, o governo "não pode errar" na montagem dos leilões, pois, se isso acontecer, a economia em 2014 será fortemente afetada, e o PIB crescerá menos que o esperado.


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