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Análise

Está ficando cada vez mais difícil crescer durante este governo

SÉRGIO VALE ESPECIAL PARA A FOLHA

Está ficando difícil crescer neste pedaço da América do Sul. O governo Dilma entregou o segundo pior crescimento médio nos dois primeiros anos de governo de um presidente desde Getúlio Vargas nos anos 1950.

Não há espaço para culpar o cenário externo. Digamos que já tivemos momentos mais turbulentos lá fora do que se viu em 2011 e 2012.

Fora o eterno bode expiatório das "crises externas", devemos então buscar as causas aqui dentro. Fica cada vez mais claro que esticar as políticas atuais não vai ajudar.

Desonerar inúmeros setores nunca mostrou resultado e serve apenas para distorcer os preços relativos entre os setores escolhidos e os pobres não escolhidos.

Aqui entrou uma palavra importante: preço. Pela primeira vez desde o Plano Real não se via uma preocupação tão intensa com a inflação.

Se antes nos preocupávamos com o volume de frango e iogurte que aumentava, hoje a preocupação é o com o preço do tomate e os salários.

Nessa economia com menos histórias de volumes e mais histórias de preços, há uma sensação de algo fora do lugar.

Há uma demanda em aceleração, claramente visível por um mercado de trabalho aquecido e uma utilização da capacidade instalada elevada. Mas como se cresce tão pouco então? Porque não adianta estimular demanda com políticas monetária e fiscal, como tem sido feito. Apenas serve para diminuir a volatilidade do crescimento, os altos e baixos da expansão.

A média do crescimento não aparece com esse tipo de estímulo, algo que o governo até agora não entendeu.

O que muda o crescimento é dar a percepção de que vale a pena investir. Mas vale a pena investir hoje no Brasil? Cada vez menos. A qualidade regulatória caiu, segundo o Banco Mundial, e estamos bem abaixo de outros países da América Latina.

Mais ainda, as decisões regulatórias são vistas como uma decisão pessoal da presidente. As empresas hoje querem estar no Brasil porque há uma classe média ainda crescente, mas em ritmo cada vez menor comparado com outros Brics e latinos.

Por fim, a velha restrição externa. Deficit em conta-corrente aumentando, investimento estrangeiro direto em desaceleração, câmbio em depreciação no longo prazo. Já vimos esse filme antes e, em geral, não acaba bem.

Com isso tudo, caminhamos para um crescimento médio no biênio final desse governo de 3%. Será uma vitória se for atingido.

SERGIO VALE é economista-chefe da MB Associados.


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