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Análise varejo

Queda nas vendas mostra que é preciso ampliar investimento

Dados do comércio indicam que consumo apresenta sinais de esgotamento

RODRIGO SABBATINI ESPECIAL PARA A FOLHA

A desaceleração das vendas demonstra que não é prudente depender quase que exclusivamente do consumo das famílias para alavancar o PIB

Os dados da pesquisa mensal do comércio divulgados ontem pelo IBGE oferecem algumas informações relevantes para a análise da conjuntura econômica brasileira.

Inicialmente, é importante ressaltar que o comportamento das vendas do varejo continua a explicitar a importância do consumo das famílias para o crescimento da economia brasileira.

No acumulado dos últimos 12 meses que se encerraram em fevereiro, observa-se que as vendas no varejo cresceram 7,4%. Essa é uma taxa expressiva, sobretudo quando comparada com o baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2012.

Vale lembrar que as baixas taxas de desemprego e o maior rendimento real das famílias brasileiras têm sido os principais determinantes do desempenho expressivo do comércio.

As melhores condições de acesso ao crédito e a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em vários segmentos também estão contribuindo para a manutenção da alta demanda por bens de consumo duráveis.

Apesar do vigor acumulado no passado recente, pode-se perceber que esse crescimento nas vendas parece dar sinais de esgotamento.

Os dados de fevereiro mostram uma retração de 0,4% na comparação com janeiro de 2013. Praticamente todos os ramos do comércio tiveram desempenho negativo nesse período, o que pode apontar uma tendência de desaceleração das vendas no comércio varejista.

IMPLICAÇÕES

Tal desaceleração tem, por sua vez, duas outras implicações para a economia brasileira e, principalmente, para a condução da política econômica por parte do governo.

Em primeiro lugar, a desaceleração da demanda pode contribuir para reduzir as pressões inflacionárias que rondam a economia brasileira. Vendas menores no varejo poderão ajudar a segurar a alta de preços nos mercados de consumo final.

Aliás, os dados do IPCA (principal índice de inflação) divulgados nesta semana já parecem apontar para essa direção.

A alta de 0,47% do índice em março mostra que houve um recuo na aceleração dos preços, em especial se os alimentos forem expurgados do cálculo do IPCA.

Em segundo lugar, a desaceleração das vendas demonstra que não é prudente continuar a depender quase que exclusivamente do consumo das famílias para alavancar a taxa de crescimento do PIB.

Sem a necessária elevação da taxa de investimento, não será possível escapar da maldição do "pibinho".

Cabe ao governo, portanto, ampliar as políticas de apoio ao investimento.

Maiores taxas de investimento permitirão alavancar o PIB de forma saudável e sustentável, isto é, de uma forma em que a futura retomada das vendas do varejo não contribua para o aumento indesejado da inflação.


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