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Credibilidade do governo está em xeque, diz ex-BC

Para Carlos Langoni, alta de juros foi modesta e autoridade monetária precisa ser mais agressiva

Economista afirma que não há "compromisso firme" com meta de inflação e que governo deveria reduzir gastos

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

O governo precisa agir rapidamente para recuperar a credibilidade em sua política econômica. A opinião é do economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e presidente da Projeta Consultoria.

Para Langoni, o Banco Central terá de ser mais agressivo no aumento da taxa de juros para conter as expectativas de inflação. Além disso, o governo precisará cortar gastos e adotar uma meta de superavit primário (poupança feita para reduzir a dívida pública) factível.

Folha - Como o senhor avalia o aumento de juros em 0,25 ponto percentual?

Carlos Langoni - Acho que o Banco Central foi agressivo no ciclo de cortes e está sendo cauteloso no ciclo de altas. Como esse aumento já deveria ter sido dado antes, eu esperava uma elevação maior, de 0,5 ponto percentual.

O aumento das expectativas de inflação é um risco?

Tem duas ameaças aí. Primeiro, a política monetária vai ter de ser apertada de forma suficiente para quebrar a rigidez das expectativas.

A política fiscal brasileira hoje é francamente expansionista. Está chegando o momento de estabelecer metas de superavit primário que possam ser cumpridas e que sejam mais compatíveis com a estabilidade monetária. Um dos problemas que o Banco Central vai enfrentar neste ano é que não vai contar com a ajuda da política fiscal.

O superavit primário deve ficar, no máximo, em 2% do PIB (Produto Interno Bruto) e a meta oficial é 3,1% do PIB.

O tripé da política macroeconômica foi abandonado?

Acho que a arquitetura macroeconômica que tinha sido muito bem-sucedida no Brasil está sendo, de uma certa forma, desconstruída ou revista. Você não tem hoje realmente um compromisso firme com a meta inflacionária. O câmbio já não é totalmente flutuante. É um câmbio semifixo, em torno de R$ 2. E não sabemos mais qual é a meta fiscal.

É importante que o governo restabeleça a confiança na política macroeconômica o mais rapidamente possível. O movimento do Banco Central foi na direção correta, mas a dosagem foi modesta.

O quadro econômico externo realmente piorou?

Realmente o quadro externo se tornou de novo mais incerto. A recuperação da economia americana está sendo frágil. A China parece que vai crescer mais próxima de 7% do que de 8% e os emergentes estão crescendo menos.

Mas acho que o problema da inflação brasileira é de natureza mais interna.

Temos uma assimetria entre a oferta agregada, que está contraída principalmente na área industrial e de investimentos, e uma demanda interna muito aquecida, principalmente o consumo, alavancado pelo mercado de trabalho. Nessa situação não fazer nada é realimentar as expectativas de inflação.

Entre os indicadores que preocupam estão a inflação dos serviços, que já roda acima de 8%, e a da baixa renda, que está acima de 7%, o que tem consequências sociais preocupantes. Isso exige uma posição firme do BC.


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