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Análise mundo

Escrito para economistas, livro radiografa ascensão da China

Câmbio competitivo e tecnologia explicam sucesso asiático, diz ex-ministro

A grande lição da China é que o governo pode criar mercado, orientá-lo, mas não pode ser conduzido por meio dele

LUIZ CALADO ESPECIAL PARA A FOLHA

A necessidade de compreender este gigante global nunca foi mais premente: a China está constantemente no noticiário.

Em apenas uma geração, transformou seu Estado empobrecido em uma potência econômica e política.

Em "Depois da Crise: A China no Centro do Mundo?" Luiz Carlos Bresser-Pereira oferece visões para as perguntas mais urgentes sobre a superpotência e oferece uma estrutura para entender sua ascensão e seu novo papel.

Focando suas respostas por meio dos legados históricos --a mudança (ou retorno) do centro do mundo para a Ásia e as informações que em grande parte definem a trajetória da China atual--, Bresser-Pereira apresenta aos leitores "insights" sobre o gigante asiático.

De um lado, um fundo soberano, um dos maiores do mundo, com US$ 260 bilhões (criado em 2006), suas reservas internacionais de US$ 3,4 trilhões e a construção do canal de Kra, na Tailândia, um projeto com a envergadura do canal do Panamá.

De outro, a falta de democracia no país, a questão ambiental (16 das 20 cidades mais poluídas do mundo são chinesas), o "boom" do setor de construção civil em Xangai, seus tantos desequilíbrios econômicos e sociais.

A teoria ortodoxa e as medidas do Consenso de Washington não conseguiram reconhecer as verdadeiras necessidades de um mundo em desenvolvimento, reconhece um professor da Universidade de Pequim que contribui com um capítulo da obra.

A alternativa, o Consenso de Pequim, é baseada no tripé valor da inovação, gerenciamento do caos e autodeterminação (nacionalismo econômico).

Esse tripé seria, desde sempre, contrário à política do "laissez-faire", isto é, a ausência ou a minimização da intervenção do Estado na sociedade e na economia.

A grande lição que a China pode oferecer é que o governo pode criar mercado, orientar mercado, mas não ser conduzido por ele.

O segredo dos países asiáticos é sua estratégia centrada em taxas de câmbio competitivas e industrialização de alto nível tecnológico. Algo que estamos longe de atingir em nosso Brasil.

Além da parte dedicada à China, o livro possui ainda duas seções, sobre a crise e o Brasil, que não trariam grandes novidades não fosse a participação da economista Leda Paulani, que provoca: "Teremos um novo capitalismo depois da crise?".

A pergunta é pertinente e a história e contexto lhe conferem sentido.

No entanto, não há a tentativa de sinalizar uma nova realidade, a de um novo modelo econômico determinado a partir de preceitos chineses, como a intervenção pesada do governo na economia.

Em resumo, os leitores que conhecem um pouco sobre a China ficarão mais bem informados, olhando o que eles já sabiam em outra luz.

O livro é escrito de economistas (quase todos doutores) para economistas. Portanto, tente se sacrificar para romper a barreira do economês a fim de tirar o máximo proveito da obra.

LUIZ CALADO é economista, autor de "Imóveis" (Saraiva) e "Fundos de Investimentos" (Campus).

DEPOIS DA CRISE: A CHINA NO CENTRO DO MUNDO?
AUTOR Luiz Carlos Bresser-Pereira
EDITORA FGV
QUANTO R$ 78 (320 págs.)
AVALIAÇÃO bom


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