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Dilma e Cristina vão debater fuga de empresas brasileiras

Debandada de investimentos da Argentina deve ser foco de reunião nesta semana

Inflação, distorção no câmbio e instabilidade política afastam companhias como Vale, Deca e Petrobras

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES PEDRO SOARES DO RIO

A debandada de investimentos brasileiros da Argentina deve ser o principal assunto da reunião presidencial entre Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, em Buenos Aires, no próximo dia 25.

Nos últimos meses, a Vale anunciou a suspensão de um megainvestimento em Mendoza, a Petrobras Argentina entrou em processo de venda e a Deca anunciou a sua saída do país. Outras empresas também avaliam se vale a pena continuar no país vizinho.

"A tendência agora é que projetos sejam suspensos ou interrompidos. Enquanto permanecer a incerteza com relação ao câmbio e a alta inflação, isso não deve mudar", diz Marina Dal Poggetto, da consultoria Estudio Bein.

As políticas do governo para conter a fuga de capitais e manter dólares no país fez com que a brecha entre o câmbio oficial e o dólar "blue" (paralelo) alcançasse um patamar histórico.

No fim da semana, o oficial era vendido a 5,10 pesos, e o paralelo, a 8,70 pesos.

"O investidor tem dificuldades para ingressar com divisas que se transformam em pesos quando entram no país. Ao sair com elas, deve pagar. O que as empresas brasileiras pedem é um modo de compensar essas perdas, e o governo argentino não está escutando", diz o economista Marcelo Elizondo, da DNI.

O segundo ponto de entrave é a inflação. "Uma empresa tem de comprar insumos, pagar salários. Com a inflação alta, isso se torna muito caro", diz Dal Poggetto.

A economista também ressalta que os trabalhadores pressionam por reajustes salariais de acordo com a inflação não oficial. Os sindicatos consideram o índice das consultorias privadas, de 30%, e não o oficial, de 10%.

O ambiente político também conta. "Os investidores desconfiam de um país cuja presidente tem a popularidade em queda. Quem puder esperar que mude o governo vai esperar", diz Elizondo.

Cristina tem 36% de aprovação apenas dois anos após ser eleita com 54% dos votos e, nos últimos meses, enfrentou manifestações contra o seu governo.

Em setembro, ocorrem eleições legislativas, nas quais Cristina pode confirmar a sua maioria no Congresso ou perder cadeiras.

Analistas veem o momento como definidor do futuro do "kirchnerismo", pois, caso consiga aumentar a sua bancada, a presidente pode propor um projeto para alterar a Constituição e tentar um terceiro mandato.

PETROBRAS E VALE

O congelamento do preço dos combustíveis na Argentina, no início deste mês, complicou ainda mais a situação da Petrobras no país, onde a estatal brasileira mantém postos de distribuição.

Disposta a rever a sua atuação no país vizinho, a Petrobras estuda a melhor forma de se desfazer dos ativos.

Alguns, na área de energia elétrica e de refino, já foram vendidos.

Para sair, a estatal enfrenta dois problemas. Um é de natureza política, que consiste em não amargar as relações do Brasil com o governo Cristina. O outro é econômico, pois, com o congelamento dos combustíveis, os ativos de distribuição perdem valor.

Diante da possibilidade de desvalorização, uma ala na companhia considera que não é o melhor momento para se desfazer dos negócios.

Já na Vale é pouco provável que o projeto de potássio Rio Colorado, em Mendoza, seja retomado.

O principal complicador é a inflação de custos, que dobrou o orçamento do projeto. A ideia é vender o empreendimento e assumir a perda de US$ 4 bilhões já investidos.


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