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Análise comércio exterior

Só câmbio não resolve os problemas da balança

País não aproveita demanda interna para ampliar produção e eleva importações

ANDRÉ BIANCARELLI BRUNO DE CONTI ESPECIAL PARA A FOLHA

O "maior deficit comercial da história" assusta, mas esse não é o número mais importante. Mais atenção merecem a deterioração entre os primeiros quadrimestres (de superavit de US$ 3,3 bilhões em 2012 passa-se para deficit de US$ 6,2 bilhões neste ano) e, principalmente, seus determinantes.

Mais de 80% da diferença tem causas específicas. A queda nas exportações de petróleo e óleos combustíveis foi de US$ 4,9 bilhões; e, entre as importações, o setor de combustíveis e lubrificantes também foi aquele com maior elevação: US$ 3,1 bilhões. As razões dessa parte da piora são conhecidas.

Em primeiro lugar, importações de US$ 4,5 bilhões não contabilizadas no resultado de 2012 (e ainda não o foram totalmente em 2013).

Em segundo, conforme ressaltado por Leonardo Guerra no "Valor" de ontem, uma manutenção programada nas plataformas da bacia de Campos, que vem impactando também as vendas do setor. Tais fenômenos são passageiros e tendem a ser revertidos a curto ou médio prazos (com o pré-sal).

No entanto, o deficit também tem outras causas pulverizadas, mas associadas basicamente a um mesmo e grave fenômeno.

A demanda interna relativamente aquecida, fator mais escasso na economia global atualmente, não tem sido aproveitada para ampliar a produção doméstica, sobretudo na indústria.

Isso significou elevação das importações de US$ 1,1 bilhão em bens de capital; US$ 1,9 bilhão em matérias-primas e bens intermediários e US$ 0,7 bilhão em bens de consumo não duráveis.

Não mais eclipsado pelos efeitos dos preços das commodities sobre as exportações de produtos básicos, trata-se de claro sinal de estrutura produtiva sob ameaça de regressão diante da agressiva concorrência internacional. Processo que não foi revertido com a taxa de câmbio sendo deslocada para patamar bem mais favorável.

Duas são as lições desses resultados --que devem melhorar nos próximos meses.

De um lado, mesmo que a exploração efetiva do pré-sal ainda esteja em seus primeiros passos, o comércio exterior brasileiro já se mostra muito mais dependente desse setor do que se imaginava.

De outro, provavelmente será preciso muito mais do que política cambial para dar conta das ameaças estruturais manifestadas na balança comercial.


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