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Fundo de previdência inicia aumento de prazos e de riscos

A partir de junho, planos deverão comprar títulos mais longos; medida implica em risco e rentabilidade maiores

É o primeiro passo em compromisso com o governo; com juros baixos, muitos fundos já adotavam estratégia

LIGIA TUON COLABORAÇÃO PARA A FOLHA TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO

Os fundos de previdência privada vão dar o primeiro passo no compromisso com o governo de alongar o prazo dos investimentos em troca de uma rentabilidade maior.

A partir do mês que vem, não poderão mais comprar títulos públicos ou de empresas com prazo mais curto do que a média de sua carteira.

Essa é a primeira regra de transição que entra em vigor para cumprir a exigência de reduzir a presença de títulos com remuneração atrelada ao juro básico (taxa Selic) em sua composição até 2016.

Com os juros baixos, a exigência pode fazer com que a rentabilidade dos fundos melhore. Quanto maior o prazo de um título de renda fixa, porém, maior é o risco de variação das taxas, o que pode trazer perdas ao investidor.

Isso é particularmente sensível em momentos de aumento dos juros, como o atual. Nessas épocas, alguns títulos chegam a ter rendimento negativo.

"Nesse cenário, é importante não se prender à variação diária do montante", afirma Osvaldo Nascimento, presidente da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

Em outras palavras, o mais indicado agora é ter paciência. Assim como investimentos em ações, aplicações de maior risco não devem ser analisadas com uma fotografia do instante.

"O investidor pode ficar tranquilo com a medida se o objetivo for ter resultados no longo prazo", diz Ricardo Rochman, professor da escola de economia da FGV-SP.

"O consumidor deve ficar atento à performance do seu produto e fazer comparações. O cenário será mais concorrido e as seguradoras vão se diferenciar em rentabilidade", disse Cláudio Pires, superintendente financeiro da Mongeral Aegon.

A medida atinge os planos PGBL e VGBL, que reúnem cerca de R$ 300 milhões, e é uma maneira de o governo federal prolongar o prazo da sua dívida. Os fundos têm cerca de 60% do patrimônio aplicados em LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), papéis com juros pós-fixados, de curtíssimo prazo, que serão substituídos aos poucos por NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional série B), corrigidas pela inflação do IPCA e têm prazos que vão até 2050.

TENDÊNCIA

Para economistas ouvidos pela Folha, no entanto, as mudanças já estavam sendo adotadas pelas administradoras dos fundos em busca de mais rentabilidade, independentemente da exigência do governo. Para quem está acostumado a carteiras ousadas, o cenário não muda.

A urgência do setor em melhorar rentabilidades diante da trajetória de queda da Selic deu início a uma discussão sobre a composição dos fundos. "A resolução que limita a participação de títulos privados e produtos de renda variável deverá ser revista", afirma Osvaldo Nascimento, da FenaPrevi.

MAIS MUDANÇAS

Outras questões também devem mudar a partir de agora, segundo Nascimento. "Flexibilizar a carteira para investimentos no exterior e permitir papéis cambiais são algumas delas", diz. Hoje, os fundos de previdência devem respeitar o limite de 49% para ações em sua composição e 80% de títulos privados.

Em relação a esses últimos, o que atrapalha são os prazos ainda curtos. "Para que as empresas financiem a sua dívida em um grande intervalo de tempo, deve haver algo que justifique a aposta", diz Nascimento.


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