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Alta de pedidos de crédito faz BNDES antever investimento
Maior financiador de novos projetos recebeu consultas principalmente das áreas de agropecuária, veículos, metalurgia e ferrovias
A freada brusca do consumo diante da inflação maior resultou num crescimento frustrante do PIB no primeiro trimestre (0,6% na comparação com o último trimestre de 2012). Mas os investimentos voltaram a subir e devem manter a tendência, a julgar pelo incremento dos pedidos de financiamento ao BNDES.
Maior financiador de novos projetos e para aquisição de máquinas e equipamentos, o banco estatal viu as consultas para novos empréstimos aumentarem 7% no primeiro trimestre.
Os destaques foram para agropecuária, material de transporte (veículos), metalurgia e ferrovias, segundo dados obtidos pela Folha.
As consultas são o primeiro passo para a obtenção de um financiamento no BNDES e sinalizam a disposição dos empresários em comprar novas máquinas ou realizarem projetos. Por isso, são um bom termômetro do investimento futuro.
De janeiro a março, as consultas somaram R$ 50,2 bilhões. O BNDES ressalva que o crescimento em relação a 2012 só não foi maior porque uma consulta de linha de crédito pré-aprovada da Petrobras de R$ 9 bilhões inflou a base de comparação.
Com isso, os pedidos para a indústria extrativa tiveram queda de 87% no primeiro trimestre deste ano. Os dados do BNDES indicam que o investimento deve seguir, de um modo geral, aquecido, embora muitos setores ainda patinem. Tiveram queda as consultas da indústria química e petroquímica (que sofre com a concorrência de importados) e da construção civil.
Assim como demonstrou o PIB do primeiro trimestre (quando os investimentos cresceram 4,6% ante o quarto trimestre), os números do BNDES sinalizaram na mesma direção, com aumento de 51% nas aprovações de empréstimos --que mostram decisões de investimentos já tomadas e muitas já em curso.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse nessa semana que a alta dos investimentos no PIB revela um "crescimento da economia com mais qualidade" por se basear mais no investimento e menos no consumo --ainda que o PIB tenda a manter o mesmo ritmo de 2012.
A sinalização de retomada já tinha vindo com os números da indústria do IBGE: a produção de máquinas e equipamentos subiu 9,8% de janeiro a março, após quatro trimestres de quedas na casa de 10%. Para André Macedo, do IBGE, a melhora ocorreu com a redução de juros (em algumas linhas, inclusive, com taxas abaixo da inflação) e mais crédito.
Um dos segmentos beneficiados foi o de caminhões, cuja produção subiu 44% no primeiro quadrimestre.
O presidente-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, Rodrigo Vilaça, diz que o crédito permitiu a compra de trilhos, locomotivas e vagões a um custo menor.
O vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), José Velloso, afirma que "há, de fato, uma certa" recuperação na produção de máquinas.
A reação ocorre mais no volume de produção, porque preços mais baixos e mais importações de máquinas devem derrubar o faturamento do setor neste ano.