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China cria Steve Jobs "pirata", com produtos e hábitos como o original

O empresário Lei Jun não só produz "quase iPhones" como só anda de jeans e camisa escura

Lei, que vendeu US$ 2 bi em celulares na China em 2012, tem legião de seguidores; livro sobre Jobs mudou sua vida, diz

DAVID BARBOZA DO "NEW YORK TIMES", EM PEQUIM

A China é notória pelas imitações. Mas agora ela oferece uma imitação de um dos deuses da engenhosidade norte-americana: Steven Jobs.

Trata-se de Lei Jun ""empresário, multimilionário e seguidor confesso de Jobs"", criador da Xiaomi, empresa apelidada pela mídia chinesa de "Apple do Oriente".

Pode ser exagero, mas Lei está cultivando cuidadosamente uma imagem inspirada pela de Jobs, o que inclui o uso de jeans e camisas escuras. Também está vendendo milhões de celulares muito parecidos com o iPhone.

Causando surpresa na Apple e na Samsung, a Xiaomi (pronuncia-se "xáo-mi") vendeu US$ 2 bilhões em celulares na China em 2012, emergindo como uma força no maior mercado mundial.

A empresa tem capital fechado, mas uma capitalização recente apontou seu valor de mercado em US$ 4 bilhões.

Lei, que está no ranking da revista "Forbes" como um dos mais ricos empresários chineses, com patrimônio de US$ 1,7 bilhão, encoraja as comparações com a Apple e Jobs.

E por que não? Sua companhia vendeu sete milhões de celulares no ano passado usando designs que imitam a aparência e o modo de uso do iPhone e recorrendo a um marketing conhecido de quem acompanha a Apple.

Em agosto de 2011, por exemplo, a Xiaomi lançou seu primeiro smartphone, o Mi-1, cujo estoque inicial se esgotou em dois dias. O Mi-2 saiu em agosto de 2012 e a primeira carga foi vendida tão rápido que alguns analistas alegaram que a empresa estava criando uma escassez artificial para gerar entusiasmo, o "marketing da escassez".

Além disso, a companhia eliminou intermediários e distribuidores, vendendo tudo diretamente pelo seu site.

Outra característica de Lei é a maneira saltitante com que chega aos palanques em que apresenta novos celulares. Ele fala coisas que soam absurdas, como "estamos tornando o celular parecido com o computador, e essa é uma ideia totalmente nova".

Como Jobs, ele é tratado como uma celebridade nos círculos da tecnologia e tem uma legião de seguidores --no Sina Weibo, um Twitter chinês, são cinco milhões.

Ele cresceu perto de Wuhan, cidade industrial soturna no centro da China, e estudou ciência da computação. Durante a faculdade, em 1987, leu um livro sobre Jobs e decidiu que o emularia.

"O livro me influenciou muito, e eu queria estabelecer uma companhia de primeira classe", diz. "Por isso, fiz um plano de terminar a faculdade o mais rápido possível."

Depois de concluir o curso em dois anos, começou a trabalhar em empresas da área, destacando-se tanto na engenharia como no marketing. Em 2010, com US$ 41 milhões de investidores, aliou-se a Bin Lin, ex-engenheiro do Google e da Microsoft, e fez a Xiaomi.

Muitos analistas e investidores dizem que o valor de mercado da companhia é resultado de uma bolha. Os céticos dizem ainda que suas imitações baratas não têm especiais qualidades de software ou hardware.

A Xiaomi, alheia a isso, planeja --como a Apple-- ir ao mercado de televisão. "Não somos só uma companhia chinesa barata que fabrica um celular barato. Iremos ao ranking da Fortune", acredita Lei.


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