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Análise
Desaceleração da inflação, já tardia, é ameaçada por tendência de alta do dólar
De dois anos para cá, o BC tem sido sempre mais otimista do que conservador
Quando decidiu baixar os juros, dois anos atrás, o Banco Central projetou que a freada da economia nacional encaixaria a inflação novamente na meta oficial de 4,5% --o que aconteceria precisamente neste segundo trimestre de 2013.
Naquele 2011, o IPCA acumulou 6,5%, o limite máximo permitido pelas regras da política monetária. É exatamente a taxa acumulada nos 12 meses recém-encerrados.
Entre uma data e outra, a estagnação econômica foi mais profunda e prolongada do que o BC imaginava, o que ajudou a evitar um erro maior na previsão para os preços.
O mês de maio mostrou sinais da esperada redução do ritmo inflacionário. Mas a desaceleração, além de tardia, já corre novos riscos.
Até aqui, as expectativas mais consensuais entre analistas e investidores são de taxas mais brandas, de 0,3%, neste e nos próximos dois meses, permitindo um IPCA abaixo de 6% no ano.
Tais projeções não contemplam, entretanto, o novo e ainda pouco previsível cenário do câmbio, agora com tendência de alta mais aguda do dólar.
Entre os bancos e consultorias pesquisados pelo Banco Central, o cálculo central para a cotação da moeda americana ainda é de R$ 2,05 neste mês e no final do ano, muito abaixo dos cerca de R$ 2,13 da manhã de hoje.
O dólar sobe com a perspectiva de recuperação da economia dos EUA, que pode receber mais capital externo --o que significa menos dinheiro disponível para os emergentes.
Ao mesmo tempo, o Brasil amplia sua dependência em relação a investimentos e empréstimos estrangeiros, em função da piora na balança comercial do país.
A desvalorização do real fortalece as exportações, que ficam mais caras, mas também encarece os importados e alimenta a inflação.
O BC tem minimizado a preocupação com o efeito inflacionário do câmbio. Mas, de dois anos para cá, o BC tem sido sempre mais otimista do que conservador.