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Entrevista - François Dossa

Fábrica da Nissan no Rio terá cota para mulheres

EMPRESA JAPONESA TERÁ 2.000 FUNCIONÁRIOS EM RESENDE (RJ), E META É TER 25% DE MULHERES, DA ADMINISTRAÇÃO À PRODUÇÃO

CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

Um quarto dos funcionários contratados para a nova fábrica da Nissan, na cidade de Resende (RJ), será de mulheres. A cota, ou meta, como prefere dizer François Dossa, presidente da montadora no Brasil, reflete a nova realidade do mercado de trabalho.

"Dos 13 mil currículos recebidos em três semanas para 1.200 vagas abertas na primeira fase de operação da fábrica, 50% eram de mulheres. Ficamos surpresos", diz.

São 3 milhões de metros quadrados em uma fábrica com capacidade para produzir 200 mil carros por ano.

O grupo Renault-Nissan também assinou na terça-feira um acordo de intenção com o governo do Rio para estudar a viabilidade de fabricar carros elétricos no Brasil. "Agora, vai depender do governo federal, que tem de conceder incentivos fiscais para viabilizar a produção."

A seguir, trechos da entrevista concedida na quarta-feira, no novo centro de treinamento de Jundiaí.

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Folha - A Nissan quer 5% de participação no mercado brasileiro até 2016. O que fará para conseguir isso?
François Dossa - Crescer com qualidade. Não adianta ter 10% mercado, se não houver qualidade. Por isso, estamos abrindo em Jundiaí o centro de treinamento para funcionários de concessionárias. Os clientes são cada vez mais exigentes. Se o nosso carro não for de qualidade, a marca morrerá.

Como será essa fábrica?
Terá capacidade de produzir 40 carros por hora, ou 200 mil por ano. Temos 600 pessoas trabalhando para iniciar a produção em 2014. É uma cidade. Tem uma área de 3 milhões de metros quadrados, onde serão produzidos March e Versa, que são importados do México.

Como vai funcionar?
Começamos com um turno e, após quatro meses, teremos o segundo. Se tudo der certo, quatro meses depois entrará em operação o terceiro turno. Estamos recrutando 1.200 colaboradores. Recebemos 13 mil currículos em três semanas. Desse total, 50% são mulheres.
Começamos os testes. Elas são melhores na habilidade, na seriedade e no comprometimento.

Serão contratadas?
Antes de recebermos os currículos, já havíamos montado um comitê de diversidade, sustentabilidade e responsabilidade social. Sou a favor de cotas. Se não tiver cota, as coisas não vão mudar. Aqui chamamos de metas e estão sendo construídas.
A fábrica de Resende terá 25% de mulheres, da administração à produção. No Japão, são 2%, em em outros países, no máximo, 5%.

Haverá mais contratações em uma segunda etapa?
Serão 2.000 empregos diretos e mais 1.500 em cinco fornecedores que trabalharão de forma integrada. Um deles está vindo do Japão.

Na semana passada, o grupo Renault-Nissan assinou um acordo com o Rio para estudar a produção do carro elétrico no Brasil. Há um prazo concreto para isso acontecer?
O objetivo é produzir o elétrico aqui. Tudo depende de o governo federal dar incentivos fiscais. Nos países onde é feito, os governos deram incentivos até chegar a um volume de produção que permita a montadora dispensá-los.

Depende da isenção de IPI?
A classificação de um carro elétrico nem existe hoje [na tabela do IPI]. Na Anfavea, trabalhamos para que o híbrido e o elétrico tenham isenção. Agora quanto tempo vai levar? Sou otimista. Tudo que aconteceu na Paulista mostra que esses jovens não querem mais o planeta que fizemos para eles. Querem coisas mais sustentáveis. O carro elétrico é uma resposta a tudo isso, assim como o transporte público elétrico.

Já se fala em R$ 400 milhões de investimento na fábrica...
Não sei de onde saiu esse número. Se resolvermos fazer o Twizy, que é para duas pessoas, o investimento será menor. Se for o Leaf, seria necessário um investimento cinco vezes maior. Meu objetivo é colocar a pedra fundamental da fábrica já em 2014. Pode ser no Rio ou em Resende.

Nos últimos dias, os protestos criaram um clima que, para alguns setores, foi entendido como de instabilidade. Eles acendem uma luz amarela?
São protestos que podem acabar em um semana ou em um mês. Sou francês e, por qualquer coisa, vamos para a rua defender nossos direitos. O jovem brasileiro quer investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Não quer pagar caro e ter de ir em pé no ônibus. Vejo com bons olhos [os protestos]. Não nos assustam. A Nissan veio para ficar no Brasil com muitos investimentos. O país tem um mercado de 3,7 milhões de unidades e pode chegar a 8 milhões, 10 milhões.

O atual cenário de desaceleração na economia preocupa?
Quando se olha os Brics, estamos na lanterninha'. A China vai crescer 7,5%. O Brasil cresceu 0,9% em 2012. Neste, talvez seja 2%. O Brasil tem tudo para crescer, mas não cresce. Isso nos preocupa. A infraestrutura não melhora, nem a educação nem o saneamento. O cenário mundial não ajuda. É preciso simplificar a carga tributária, desburocratizar, fazer fluir.


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