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Dólar mais caro é desafio para companhias aéreas

Valorização eleva custo das empresas e afeta demanda por viagem ao exterior

Último ano em que o setor de aviação teve retração foi em 2003, devido a problemas na Varig e na TAM

MARIANA BARBOSA DE SÃO PAULO

Depois de uma década de forte expansão, a demanda por viagens de avião no mercado doméstico deve encolher neste ano ou, nas previsões mais otimistas, ter um crescimento perto de zero.

De janeiro a maio, o mercado encolheu 0,43%, refletindo o baixo crescimento da economia e o enxugamento da oferta de assentos por parte das líderes TAM e Gol.

A valorização do dólar --que subiu 9% desde o início do ano-- será uma outra barreira para a recuperação, com impacto tanto na demanda por viagens internacionais como no desempenho do mercado doméstico.

"O câmbio tem impacto brutal na estrutura de custos das companhias, que compram aviões, peças e outros serviços em moeda estrangeira", diz o consultor Lucas Arruda, da Lunica consultoria. "Não tem como não repassar o aumento para as tarifas."

O setor é altamente sensível a preço e qualquer aumento afeta a demanda. E, como a demanda já está fraca, é cada vez mais difícil para as empresas repassar os custos para a passagem.

"Em condições normais, o setor poderia registrar crescimento de 4%, 5%, dado que a economia pode crescer 2% neste ano. Mas, com a redução da oferta de assentos e diante da necessidade de repassar o dólar para a tarifa, o mercado ficará estável ou poderá cair 1%, 2%", afirma o consultor André Castellini, sócio da Bain&Co.

De janeiro a maio, a oferta de assentos no mercado doméstico encolheu 6,36%.

Já Arruda acredita que o segundo semestre será melhor do que o primeiro, com Azul e Avianca puxando o crescimento da oferta.

"Mas, sem dúvida, o ano ficará abaixo de 2%, 3%", diz ele, que no início do ano estimava alta de 5,5%.

Anteontem, a Gol anunciou um corte de mais 200 voos semanais, ampliando de 7% para 9% a redução na oferta de assentos neste ano. A empresa diz que nenhum destino será eliminado da malha, mas que haverá corte de frequências.

A TAM, que falava em cortar a oferta entre 5% e 7%, ainda não revisou o número. "Mas, com a situação atual do câmbio, é possível que haja um ajuste no segundo semestre", diz Daniel Levy, vice-presidente de finanças, para quem ainda não é hora de falar em reajuste de tarifas.

Levy diz que a empresa já sente uma maior cautela do consumidor na hora de comprar bilhetes internacionais.

Para Castellini, as companhias não têm mais gordura de eficiência para cortar.

"A única saída é reduzir a oferta e concentrar a operação em voos mais rentáveis."

CENÁRIO DISTINTO

Juntas, TAM e Gol tiveram prejuízo de R$ 2,7 bilhões em 2012. Mas Castellini acredita que o cenário atual é bem distinto do de 2003, ano em que o setor encolheu 5,9% devido a problemas financeiros da Varig e da TAM.

Na época, o BNDES chegou a desenhar um plano de salvamento que levaria à fusão das duas empresas.

"Hoje há um colchão de segurança", diz Castellini. "Não há crise de liquidez nas principais companhias. Não vejo um cenário de consolidação."


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