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Resgate supera aplicação na previdência

Desempenho ruim leva saque a ultrapassar investimento em fundos de renda fixa em junho pela 1ª vez em 5 anos

Aumento do juro básico prejudicou títulos públicos e os fundos que investem nesses papéis; veja como agir

DANIELLE BRANT COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os fundos de previdência privada de renda fixa tiveram, em junho, mais resgates do que aplicações pela primeira vez desde julho de 2008.

Esses fundos estão entre os alvos de investimento dos planos tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre --veja quadro).

A saída líquida de recursos foi de R$ 532,7 milhões no mês passado, segundo levantamento feito para a Folha pelo economista Marcelo d'Agosto com base em dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

O aumento dos resgates é reflexo das perdas desses fundos, afetados pelo aumento recente do juro básico (a taxa Selic), que prejudicou alguns os títulos públicos, afirma d'Agosto.

"O aumento dos juros provocou desvalorização dos papéis que esses fundos tinham, que são basicamente títulos públicos pós-fixados NTN-Bs [Notas do Tesouro Nacional "" Série B], indexados à inflação", diz.

Com a alta da Selic, o preço de revenda do título emitido quando o juro estava menores cai, pois o valor do papel é atualizado diariamente pela diferença entre a taxa de juro registrada no dia e a de emissão do título. É a chamada marcação a mercado.

No cenário de alta de juros, o desconto feito no preço do título é maior, o que reduz a rentabilidade do papel.

A alta do indicador oficial da inflação (o IPCA) em 12 meses até junho, de 6,7%, acima do teto da meta do governo (6,5%), reforçou a percepção de economistas de que o juro básico, hoje em 8% ao ano, vai continuar subindo.

Isso pode comprometer ainda mais a rentabilidade dos títulos emitidos com juro mais baixo. No longo prazo, porém, as perdas podem ser amenizadas com uma eventual mudança de cenário, Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.

"O investidor tem que tomar cuidado com atitudes precipitadas. O fato de a cota ter tido rentabilidade negativa não significa que o fundo não vai se recuperar. Mas, ao resgatar, a desvalorização se torna prejuízo mesmo", diz.

"O brasileiro ainda não se acostumou ao investimento de longo prazo, acrescenta Osvaldo Nascimento, presidente da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

CONVERSE COM O GESTOR

Antes de tomar a decisão de resgatar o dinheiro, diz Rocha, do Insper, o investidor deve procurar a instituição financeira com a qual aplica.

Se não estiver satisfeito, o cliente pode migrar de fundo, sem precisar resgatar o dinheiro e pagar Imposto de Renda ou novas taxas.

Além do desempenho dos papéis, o investidor deve avaliar a taxa de administração cobrada, que, se for alta, pode "comer" muito dos ganhos. As taxas dos fundos de previdência de renda fixa variam de 0,7% ao ano a 3% ao ano, afirma a FenaPrevi.

O investidor também pode assumir um pouco mais de risco, optar por um fundo que tenha papéis privados ou, além da renda fixa, algo de renda variável, como ações, diz o planejador financeiro Valter Police Jr.

Para aqueles que ainda não entraram, uma orientação é procurar um fundo com maior concentração em títulos pós-fixados indexados à taxa de juros, as chamadas LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), diz Rocha, professor do Insper.


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