Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

BNDES oculta reuniões de Coutinho com empresários

Ao contrário dos representantes do setor privado, encontros com pesquisadores, jornalistas e políticos são listados

Banco diz querer evitar oscilações no mercado; "[BNDES] aplica recurso público sem controle", diz Ministério Público

FERNANDO MELLO DE BRASÍLIA

Enquanto Dilma Rousseff promete transparência em resposta aos protestos, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) esconde encontros do seu presidente, Luciano Coutinho, e dos principais diretores com empresários.

Nos últimos anos, o BNDES financiou grandes negócios, em prática que foi chamada de escolha de grupos para serem "campeões nacionais".

Para o banco, esconder as agendas é uma exigência da lei, pois sua divulgação pode gerar oscilações no mercado.

A Folha teve acesso a elas pela Lei de Acesso à Informação. Compromissos públicos, seminários, encontros com políticos, ministros ou com ONGs são descritos com detalhes, incluindo o nome dos participantes e seus cargos.

Em 4 de maio de 2011, por exemplo, está descrito o encontro com os deputados João Paulo Cunha e Candido Vacarrezza, do PT de São Paulo.

São nominais também encontros com pesquisadores, economistas e presidentes de associações como a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Entrevistas a jornalistas também são identificadas.

Mas a maior parte da agenda é composta de "reunião com empresários do setor privado". De 2010 e 2013, a descrição apareceu quase 800 vezes na agenda de Coutinho.

Há dias, como 27 de maio de 2011, em que a agenda é toda tomada por esses encontros, entre as 10h e as 19h, quando foram dez reuniões com diferentes empresários.

O mesmo acontece nas agendas das diretorias do banco. Há descrição de encontros com embaixadores e delegações de outros países, interessados no financiamento de obras no exterior. Mas encontros com empresários brasileiros são registrados como "reunião com setor privado".

No mês passado, o Ministério Público Federal no Distrito Federal recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região para garantir transparência aos financiamentos realizados pelo BNDES.

A Procuradoria tenta reverter decisão da 20ª Vara Federal de Brasília, que negou pedido provisório para que os dados sobre empréstimos do banco nos últimos dez anos (e todos os contratos no futuro) sejam divulgados na internet.

Para o MP, "o vetor a ser perseguido não é o do sigilo --geralmente empregado-- mas, sim, o da transparência. É urgente que o BNDES divulgue seus investimentos, uma vez que são feitos com recursos públicos federais que estão sendo livremente aplicados sem qualquer tipo de transparência ou controle".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página