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Queda do real não deve ser suficiente para saldo positivo

Desvalorização da moeda favorece exportação de produtos industrializados

Desaceleração da China e elevado nível dos estoques globais de aço prejudicam preços do minério de ferro

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

A queda na produção de petróleo e o recuo dos preços de matérias-primas devem fazer o país ter o primeiro deficit desde 2000 no seu comércio com o resto do mundo.

Os exportadores já preveem deficit de US$ 2 bilhões neste ano --o pior resultado em 15 anos. No fim de 2012, a AEB (que representa exportadores e importadores) previa saldo positivo de US$ 14,6 bilhões, o que já representava queda de 25% em relação a 2012, mas estava longe de um cenário catastrófico.

A balança acumula deficit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre, o que fez analistas iniciar um ciclo de revisões nas suas estimativas.

Na semana passada, a Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior) reduziu a projeção para o superavit de US$ 13 bilhões para US$ 4,5 bilhões.

Ontem, foi a vez de a AEB rever a estimativa e, diante da continuidade do deficit na primeira quinzena de julho, mais consultorias devem fazê-lo.

O principal motivo para a piora nos números é a balança de petróleo e derivados. A queda na produção reduzirá em 38% a receita com as exportações, enquanto o aumento no consumo elevará a importação de combustíveis em 9%, segundo a AEB.

O aumento na importação de derivados do óleo também é explicado por um artifício contábil da Petrobras, que atrasou o registro de importações de 2012 para este ano.

Rodrigo Branco, economista da Funcex, ainda espera superavit por acreditar em melhor desempenho nas vendas de petróleo nos próximos meses, devido a uma recuperação na produção sinalizada pela Petrobras.

COMMODITIES

O menor preço das matérias-primas, principais produtos exportados, também explica a queda de 5% prevista para as exportações.

"Ainda não vemos retração na quantidade exportada. Mas isso não está descartado e, se ocorrer, provocará uma queda mais forte nos preços", afirma o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

A principal preocupação é o minério de ferro (produto mais exportado pelo país) devido à desaceleração da China e ao elevado nível dos estoques globais de aço.

Já a alta na exportação de soja, que teve produção recorde, é apontada por Branco como o principal fator positivo, mas ela deixará de impactar a balança a partir de agosto, com o fim da safra.

Para Felipe Salto, da Tendências, o desempenho dos grãos não foi suficiente para salvar estragos em outras áreas. "As commodities, que normalmente salvam a balança, não compensaram o cenário desastroso do petróleo."

Com o preço das matérias-primas abaixo do previsto, ele reduzirá a previsão de superavit, hoje em US$ 9,5 bilhões.

Os industrializados também não devem compensar as commodities. Embora a queda do real torne esses itens mais competitivos, ela não será suficiente para compensar a demanda retraída nos principais importadores.

Castro, da AEB, lembra que a redução de 30% no superavit comercial da Argentina até maio deve estimular restrições às importações no país.


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