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Análise
Medir grau de eficácia da política industrial ajuda futuras decisões
Há várias interpretações sobre o que pode ser feito para resgatar a indústria
Há quase cinco anos a indústria brasileira está estagnada. A recuperação posterior à crise global de 2009 não se sustentou, e a produção industrial está hoje próxima do nível registrado por volta de outubro de 2008.
Ninguém discorda de que a indústria vai mal. Mas há várias interpretações sobre o que poderia ser feito para resgatá-la.
De um lado, estão os chamados economistas desenvolvimentistas, que defendem o que o governo fez nos últimos anos: subsídios pesados para estimular o setor.
Esse grupo diz que todos os países que conseguiram se desenvolver --do pioneiro Reino Unido aos mais recentes casos na Ásia-- se apoiaram na política industrial.
Na outra ponta da discussão, estão os economistas de linha liberal. Para eles, ao beneficiar setores específicos, o governo aumenta a ineficiência da economia brasileira, que já é alta.
Isso porque, segundo o argumento, empresas competitivas que não recebem a benesse do subsídio são prejudicadas e isso inibiria seu investimento.
Por exemplo, enquanto empresas que recebem crédito do BNDES pagam juros camaradas, as que ficam de fora precisam encarar as taxas altas praticadas pelos bancos comerciais.
Alguns economistas dessa linha vão além e dizem que os países bem-sucedidos da Ásia praticaram, sim, política industrial, mas com detalhes distintos do modelo brasileiro.
Mencionam, por exemplo, que na Coreia do Sul foram estabelecidas metas de produtividade a serem cumpridas pelos beneficiados, o que não ocorre no Brasil.
Essa discussão tende a prosseguir porque, após cinco anos de adoção de diversas medidas, que vão de forte expansão da oferta de crédito barato para alguns setores a desonerações tributárias, a indústria como um todo segue mal. A despeito, inclusive, da recente desvalorização do real ante o dólar.
O que um novo grupo de especialistas tem proposto é que o governo apresente balanços transparentes e detalhados sobre os efeitos de sua política industrial.
Qual tem sido o resultado dos empréstimos do BNDES? Qual tem sido o impacto das desonerações para os setores que já foram beneficiados, por exemplo, há mais de um ano?
Respostas a essas perguntas poderiam ajudar a dar indicações do grau de eficácia da política industrial brasileira e facilitar futuras decisões de autoridades.