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Mantega desautoriza brasileiro no FMI

Ministro convoca representante no Fundo para explicar abstenção em voto sobre Grécia

MARIANA SCHREIBER DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou o representante do Brasil no conselho-executivo do FMI (Fundo Monetário Internacional) ao país para dar explicações sobre sua abstenção na votação para aprovar novos recursos em socorro à Grécia.

Além de se abster, Paulo Nogueira Batista Jr. fez duras críticas ao programa de ajuste implementado na Grécia, que, segundo ele, não tira o país de crise.

Batista Jr. disse ainda que a Grécia "está a um passo de uma moratória ou de atrasos de pagamento" ao FMI.

Mantega disse que Batista Jr. está mantido no cargo e virá a Brasília se explicar no início da próxima semana.

Pela manhã, o ministro telefonou para a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, para retificar o voto do representante brasileiro.

"Ele [Batista Jr.] não tinha nos consultado a esse respeito. Somos favoráveis à liberação de recursos e teremos que retificar esse voto", afirmou o ministro.

Mantega disse que há muitas votações no FMI e que é normal que Batista Jr. não o consulte em alguns casos, pois ele já conhece as diretrizes do governo. O ministro observou, porém, que nessa ocasião o assunto era polêmico.

Para Mantega, o programa de recuperação da Grécia não é perfeito, mas isso não justifica que os recursos não sejam liberados.

"Nós julgamos que é importante, sim, dar as condições para que a Grécia se recupere. É claro que nós podemos discutir no sentido de melhorar o programa, mas isso não justifica você suspender o pagamento."

Procurado ontem pela Folha, Batista Jr. não se pronunciou sobre as declarações do ministro da Fazenda.

Apesar da abstenção de Batista Jr., a votação realizada nesta segunda-feira aprovou a liberação de € 1,8 bilhão para a Grécia. O recurso é uma parcela do programa de resgate que já foi aprovado anteriormente pelo Brasil.

Em entrevista à Folha publicada ontem, Batista Jr. disse que seu voto não refletiu a opinião dos países que representa, mas, sim, a sua posição como diretor-executivo do FMI.

"Como diretor do Fundo, sou responsável fiduciário pela integridade da instituição. Foi nessa condição que me manifestei sobre a revisão do programa grego. Entendo que o programa coloca em risco o Fundo, tanto do lado financeiro quanto de sua reputação."

PLEITOS

Questionado sobre se também havia conversado com Lagarde sobre o pleito do governo brasileiro de que o FMI mude a forma como calcula a dívida bruta do país, Mantega disse que esqueceu de falar do assunto.

Na quinta passada, o ministro enviou a Lagarde carta em que solicitava a mudança. Pelos parâmetros do FMI, a dívida bruta representava 68% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no fim de 2012, enquanto o Banco Central calculava 58,7%.

O ministro observou que o Brasil tem muitos pleitos no FMI, sendo o mais importante a reforma no peso dos votos de cada país. O interesse brasileiro é que os emergentes ganhem mais relevância.

Segundo Mantega, o FMI está muito atrasado nessa reforma, mas "isso não é motivo" para deixar de liberar recursos dentro de um programa de resgate que já havia sido aprovado pelo Brasil.


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