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Oito anos após mensalão, BC decreta liquidação do Rural
Motivos são 'comprometimento econômico-financeiro' e 'falta de plano viável' para recuperação
Família que controla o banco diz que foi surpreendida e que tomará medidas para recorrer na Justiça
Oito anos após o escândalo do mensalão, o Banco Central decidiu decretar a liquidação extrajudicial do Banco Rural, instituição financeira cujos dirigentes foram condenados por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos.
O patrimônio negativo era de R$ 300 milhões por causa de perdas judiciais.
Segundo o BC, o motivo da liquidação é o "comprometimento da sua situação econômico-financeira" e da "falta de um plano viável" para a recuperação do banco.
Kátia Rabello, da família que controla o Rural, diz que foi surpreendida pela decisão do BC e que tomará medidas judiciais. "O Banco Rural tem mais de 50 anos de existência e nesse período jamais causou prejuízo a quem quer que seja", afirma nota dos controladores.
Com a liquidação, o Banco Rural deixa de funcionar, os funcionários são dispensados e os bens dos donos e gestores ficam indisponíveis. O liquidante, nomeado pelo Banco Central, passa a se ocupar em vender bens aplicações para ressarcir os credores.
Os investidores e clientes serão ressarcidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até o limite de R$ 250 mil para pessoa física e de R$ 20 milhões para os que compraram títulos com direito de cobertura especial.
Desde a CPI dos Correios, em 2005, a situação financeira do banco ficou comprometida com a perda de clientes e investidores.
A presidente do banco, no entanto, fez sucessivos aportes para mantê-lo em funcionamento com o objetivo de vendê-lo mais tarde. O último aporte foi de R$ 65 milhões em fevereiro de 2012, por determinação do BC.
Há cinco anos, o Fundo Garantidor de Crédito procurava um comprador, mas nenhuma instituição queria vincular seu nome ao mensalão.
O banco aparecia em escândalos políticos nos últimos 25 anos, pelo menos. Esteve envolvido no chamado esquema PC do então presidente Fernando Collor, no início dos anos 90, e na CPI dos Precatórios.
No julgamento do mensalão, Kátia Rabello, a ex-presidente do banco, e José Roberto Salgado, ex-diretor internacional, foram condenados a 16 anos e 8 meses de prisão. Vinicius Samarane, ex-vice-presidente, pegou oito anos e nove meses.
O banco simulava empréstimos para o PT pagar propinas a parlamentares, que não eram cobrados do partido. Só após a eclosão do escândalo, o banco cobrou o PT.