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Derretimento da OGX leva Bolsa de SP a mudar índice

Presidente da BM&FBovespa admite rever metodologia do Ibovespa, cuja distorção causa prejuízos aos fundos

Para seguir índice, fundos são obrigados a tomar prejuízo para comprar ações indesejadas da OGX

TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO

A BM&FBovespa terá de mudar a metodologia do Ibovespa, principal termômetro dos negócios com ações brasileiras, que foi colocado em xeque pelo mercado devido ao derretimento do valor das ações da petroleira OGX, do grupo do empresário Eike Batista. Será a primeira mudança relevante no índice em seus 45 anos de história.

Segundo Edemir Pinto, presidente da Bolsa, uma comissão formada por 25 pessoas fez um estudo para aperfeiçoar a metodologia do índice. "A Bolsa está debruçada e dará uma resposta até o final de setembro", disse.

Pinto, no entanto, afirmou que nada mudará neste ano, o que provocou protestos de parte do mercado, que vê uma situação insustentável, com risco de espalhar perdas para milhares de cotistas de fundos que não têm nada a ver com as empresas de Eike.

Criado pelo economista Mario Henrique Simonsen em 1968, o Ibovespa procura refletir o desempenho das ações mais negociadas no pregão, independentemente do tamanho e da importância das empresas.

Devido a essa metodologia, a OGX representa 5,1% do Ibovespa, atrás apenas dos papéis preferenciais (sem voto) de Petrobras (8%) e da Vale (8,5%).

Só que as ações da petroleira de Eike Batista valiam ontem R$ 0,59 --menos da 20ª parte dos R$ 11,31 da estreia da empresa na Bolsa, em junho de 2008, e 86,5% menos do que no final de 2012. O valor da OGX ontem na Bolsa era R$ 1,91 bilhão, enquanto Vale e Petrobras valiam R$ 171,1 bilhões e R$ 215,4 bilhões, respectivamente.

Isso faz com que os fundos que obrigatoriamente têm de seguir o Ibovespa tenham de comprar milhões de ações da OGX para reproduzi-lo.

Quanto mais o valor da ação cai, mais os fundos têm de comprar papéis da empresa para manter a mesma proporção prevista no Ibovespa.

Nos EUA, quando a GM pediu concordata, em junho de 2009, as ações ficaram abaixo de US$ 1 e foram excluídas do índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York.

Segundo uma fonte, a partir de setembro esses fundos terão de comprar, indesejadamente, quase todas as ações em circulação da petroleira de Eike, levando a uma apreciação artificial do papel.

A distorção é tão grande que já mexeu com os negócios do Ibovespa futuro, contrato que procura espelhar a expectativa de valorização do índice em um mês.

Normalmente, os investidores negociam esses contratos somando a pontuação atual do índice mais o juro do período de um mês (0,68%). Pela primeira vez, os contratos do mês seguinte estão prevendo um "desconto" de cerca de 300 pontos, embutindo um juro negativo de 0,6%.

Ontem, a Bolsa encerrou marcando 49.874 pontos no Ibovespa, com alta de 1,93%.


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