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Análise

Decisões políticas na economia voltam como bumerangue para cobrar seu preço

ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA

A contaminação das decisões econômicas por interesses políticos atravessa os governos e se torna mais nociva quanto mais perto das eleições, sobretudo diante do regime de reeleição.

Baixar tarifas de ônibus e metrôs, reduzir a conta de luz, exibir preços da gasolina abaixo do mercado internacional... Tudo isso tem alto poder político --e custos.

O governo Sarney deu sobrevida artificial ao Plano Cruzado para garantir votos ao PMDB, o de Fernando Henrique manteve a depreciação do dólar além dos limites da responsabilidade para a reeleição, o de Lula segurou os preços da Petrobras.

Resultado: Sarney deixou cerca de 80% de inflação ao mês, FHC perdeu boa parte do capital político no segundo mandato, a Petrobras virou fonte de más notícias.

O custo caiu no colo da presidente Dilma Rousseff: queda de 36% no lucro líquido em 2012, perda do número um entre os grupos nacionais, ações despencando.

Dilma, porém, parece repetir o mesmo erro do padrinho e dos antecessores. Manteve a política de preços da Petrobras, e um dos marcos do primeiro semestre foi seu pronunciamento na TV anunciando a queda de preço da energia --de fato, uma das mais caras do mundo.

Com os protestos de junho, o alvo passou a ser as tarifas de ônibus e metrôs. A interferência do governo federal vinha desde o início do ano, quando Dilma pediu e os prefeitos Fernando Haddad, de São Paulo, e Eduardo Paes, do Rio, aquiesceram em adiar os reajustes dessas tarifas, para evitar que a inflação furasse o teto da meta.

A emenda foi pior do que o soneto, porque o reajuste acabou acontecendo em junho, num ambiente econômico e político pior, e se tornou o estopim para as manifestações. Conclusão: mesmo a contragosto, os prefeitos, inclusive Haddad e Paes, foram compelidos a rever os aumentos.

A terceira etapa dessa história é agora, com a Petrobras pressionando por reajuste, Haddad exigindo --e obtendo-- uma bolada em investimentos e uma pergunta que não quer calar: quem paga a conta da redução da energia?

Decisões políticas na economia costumam ter efeito bumerangue: cobrar o seu preço mais tarde --às vezes na própria política.


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