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Sob influência de EUA e Mantega, 'novo câmbio' encosta em R$ 2,40

Ministro fala em novo patamar de dólar, que tem efeito positivo para as exportações da indústria

Na esteira da retomada econômica, rendimento dos títulos americanos cresce, atrai capitais e fomenta alta da moeda

MARIANA CARNEIRO ANDERSON FIGO ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO

A cotação do dólar voltou a subir ontem e encostou em R$ 2,40, mesmo com duas intervenções do Banco Central para tentar frear a alta da moeda americana.

O dólar à vista subiu 1,54% ontem e fechou o dia negociado em R$ 2,372 --R$ 0,10 acima da cotação do início da semana (R$ 2,278)-- e o dólar comercial (usado em operações de comércio exterior) chegou a R$ 2,396.

A escalada dos últimos dias tem origem externa, influenciada pela retomada dos EUA, que gradualmente absorve capitais aplicados em países emergentes, como o Brasil.

A semana terminou com alta acumulada de quase 9% no rendimento dos títulos dos EUA com prazo de dez anos (os mais negociados).

O aumento do retorno dos papeis é reflexo da retomada do crescimento americano. Em um ano, o rendimento desses títulos subiu de 1,8% para 2,8% anuais. Essa nova condição de mercado indica que a tendência é de desvalorização das moedas de países emergentes.

Ontem, porém, o real foi a moeda que mais caiu perante o dólar em um grupo de divisas de 20 países emergentes. No ano, só perde para o rand sul-africano.

Essa alta recebeu um empurrão local, com o discurso do ministro Guido Mantega (Fazenda) em favor da indústria nacional e atribuindo ao câmbio um novo patamar.

"NOVO CÂMBIO"

Após reunião com empresários em São Paulo, organizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), Mantega disse que "o novo câmbio" já exerce efeito positivo sobre a indústria brasileira.

"A indústria automobilística aumentou em 20% as exportações neste primeiro semestre, e acredito que isso é resultado de medidas de desoneração e do novo câmbio, que torna o produto brasileiro mais competitivo", disse.

O ministro afirma que o mercado cambial está volátil e espera que o nervosismo se reduza quando o Fed (banco central dos EUA) definir a retirada de estímulos da economia americana.

Mas Mantega disse não acreditar que o dólar alcance valores muito elevados. No mercado, já há apostas de que a moeda americana pode chegar a R$ 2,70 neste ano.

"O câmbio mudou de patamar por causa do Fed e da nossa balança comercial; diminuímos o nosso superavit. Então esse é o novo câmbio. Mas onde ele vai ficar eu não sei dizer", afirmou. "Pode subir mais um pouquinho, descer mais pouquinho, ficar onde está (...) Não acredito nesses patamares elevados que estão sendo mencionados."

O discurso foi lido por operadores de mercado como uma certa tolerância à cotação mais elevada.

"O que o mercado quer saber é quando o governo vai achar necessário tomar uma atitude mais drástica, porque os leilões do BC são enxugar gelo", disse Reginaldo Siaca, da Advanced Corretora.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, afirma que o BC tem sido errático e isso amplia o nervosismo de investidores.

Apesar da alta dos últimos dias, o BC só passou a atuar no mercado anteontem.

"Em meio a dúvidas se o BC iria atuar novamente, o Mantega falou o que sempre falou e isso assustou", disse.


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