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Entre dólar alto e economia fria, BC eleva juros a 9%
Decisão foi unânime, taxa ficou dentro do esperado e comunicado foi idêntico ao das 2 reuniões anteriores
Disparada do câmbio aumenta risco de inflação maior, mas desaquecimento pode conter os repasses
Pressionado de um lado pela disparada do dólar (que, por afetar a inflação, poderia implicar juros mais altos) e de outro pelo crescimento baixo (que poderia levar a juros mais baixos), o Banco Central manteve o ritmo de alta dos juros em 0,5 ponto percentual, elevando a taxa Selic para 9% ao ano.
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) foi unânime e ficou dentro do esperado por analistas.
O comunicado que anunciou a decisão foi idêntico ao das duas reuniões anteriores, indicando que o comitê deve manter a mesma intensidade de elevação dos juros no próximo encontro, em outubro.
Na nota, o BC disse que a "decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".
A disparada recente do dólar, que encarece produtos importados, já levou algumas instituições a projetar inflação maior. O banco Itaú e a consultoria Tendências, que previam um IPCA pouco abaixo de 6%, agora estimam que o índice oficial deva fechar 2013 em 6,1%.
"Apesar do dólar mais caro, o BC está preocupado com o crescimento fraco, por isso não intensificou a elevação dos juros", disse a economista da Tendências Alessandra Ribeiro. "Mas projetamos mais duas altas, levando a Selic até 9,75%."
Antes da disparada do dólar, o governo Dilma esperava que os juros não subissem além de 9,25%. Diante do novo cenário, técnicos do governo já falam na possibilidade de mais duas altas, fechando 2013 em 9,75%.
Ficaria, pelo menos, abaixo dos dois dígitos, algo que, simbolicamente, é importante para o governo. A presidente já deixou claro, porém, que, se for preciso, o BC tem autonomia para tomar as medidas necessárias para combater a inflação.
Assessores presidenciais dizem que o BC terá de levar em conta também os próximos dados econômicos.
Amanhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga quanto cresceu a economia no segundo trimestre. A maioria dos economistas espera um resultado melhor do que o do primeiro trimestre, quando o PIB teve alta de apenas 0,6%.
A economia, porém, dá sinais de novo enfraquecimento no terceiro trimestre, elevando os riscos de aumento do desemprego.
Se o crescimento ficar fraco no terceiro e no quarto trimestres, a alta dos juros pode não ser tão forte, já que a desaceleração da economia deve desestimular repasses do impacto do dólar mais caro para os preços.