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Crise azeda parceria entre Eike e Esteves
Desde março, quando BTG e EBX firmaram acordo, ações da petroleira OGX caíram 83%, e as do banco, 20%
Grupo empresarial teme que banco esteja mais preocupado com seus negócios; BTG se ressente de lentidão
A relação entre o empresário Eike Batista e o banqueiro André Esteves está estremecida. Com a crise no grupo EBX cada vez pior, a parceria não está rendendo bons frutos para ninguém.
Desde março, quando o BTG firmou acordo com a EBX para reestruturar as empresas e buscar sócios, as ações da petroleira OGX (carro-chefe do grupo) caíram 83%, e os do banco, 20%.
Segundo a Folha apurou, Eike tem confidenciado a interlocutores seu receio de que a equipe do BTG esteja mais interessada em prospectar negócios para seus fundos do que empenhada em encontrar as melhores oportunidades para a EBX.
Esteves e sua equipe, por outro lado, sentiram-se frustrados com a lentidão inicial de Eike para se desfazer das empresas e avaliam que o empresário pode fazer maus negócios sem a sua assessoria.
Ontem, executivos próximos de Eike davam como certo o fim da parceria, mas fontes ligadas ao BTG afirmaram que o "banco não é de abandonar cliente". Por isso, por enquanto, o acordo entre os dois está mantido.
Procurados, EBX e BTG não se pronunciaram.
O clima piorou de vez quando o BTG ficou de fora das negociações da LLX, empresa que constrói o porto do Açu e está para ser vendida para o grupo americano EIG.
O negócio foi costurado por Marcus Berto, presidente da LLX, e Ricardo Antunes, sócio da mineradora Manabi. Eles convenceram os americanos, que já têm fatia da Manabi, a apostar no porto do Açu.
Eike conduziu o negócio sem consultar o BTG. Ele assinou o acordo em Nova York, acompanhado apenas de Berto, eleito seu novo "braço direito" nos negócios.
PROPOSTA FRACASSADA
O BTG também tentou fazer uma oferta pela LLX com outros sócios, mas Eike não aceitou a proposta por considerá-la baixa.
Interlocutores da EIG no Brasil chegaram a tentar negociar via BTG, mas as conversas não prosperaram. O episódio azedou a relação de ambos os lados, que se ressentem de falta de confiança.
Mas esse está longe de ser o único problema entre Eike e Esteves. Pouca coisa do que foi acertado saiu do papel, porque a situação era pior do que o BTG imaginava.
Seis meses atrás, quando foi anunciada, a parceira tinha três pontos: uma linha de crédito de US$ 1 bilhão, assessoria na gestão das empresas e uma bonificação para o banco à medida que as ações da OGX subissem.
O BTG traçou um plano de liquidação de ativos e trabalha na venda de fatias de MPX e MMX, mas ficou de fora do negócio da LLX. Já a linha de crédito foi cancelada em julho, sem nenhum desembolso. Esteves percebeu que o montante não resolveria o problema e que Eike acabaria pagando outros credores.
Com as ações da OGX a R$ 0,50, o BTG também acabou não embolsando nenhum bônus. Até agora o acordo gerou poucos ganhos para Esteves, que viu sua imagem ser arranhada e as ações de seu banco caírem.
ANGRA PARTNERS
A Angra Partners, firma de reestruturação e gestora de fundos, negocia desde julho dar consultoria para a EBX. A parceria está perto de ser fechada. A princípio, o contrato não excluiria o BTG.