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O melhor trimestre

Melhor ficou para trás e PIB pode encolher no 3º tri, dizem analistas

Elevação do dólar, dos juros e da inflação afeta a confiança de empresários e consumidores

Desempenho acima do esperado no 2º trimestre, no entanto, deve fazer país crescer mais de 2% neste ano

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO TONI SCIARRETTA ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

Depois de um primeiro semestre positivo para a economia, analistas preveem um período de estagnação nos próximos meses, com riscos de retração de julho a setembro.

O cenário mais difícil está no radar, dizem economistas, devido ao pessimismo que tomou conta de empresários e consumidores com a disparada do dólar, a elevação dos juros e os efeitos dos dois sobre a inflação e o emprego.

Sem certeza sobre o que será da economia, consumidores adiam compras, e empresários, investimentos.

O desempenho mais forte que o esperado no segundo trimestre, contudo, já garantiu um bônus, que fará com que o crescimento deste ano fique acima de 2%, mesmo com uma eventual retração no meio do caminho.

RETRAÇÃO NO 3º TRI

Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, é um dos que preveem que a economia possa encolher ligeiramente no terceiro trimestre.

Ele observa que a confiança já vinha recuando antes da disparada do dólar.

Vendas de veículos mais moderadas e estoques subindo, segundo sondagens feitas com empresários em julho e agosto, sugerem que o setor industrial perdeu fôlego. "O quadro geral é de um crescimento mais baixo."

Silvia Matos, da FGV, observa que o efeito inicial da alta do dólar sobre a indústria não é positivo, ainda que aumente a competitividade no futuro. "Há indícios de que a importação de insumos aumentou nos últimos anos, o que deve aumentar os custos e provocar pressão por repasses de preço", diz.

Ela também não acredita que as exportações sejam beneficiadas imediatamente.

"Com o baixo crescimento mundial, exportarão para quem? O mundo ainda vive um quadro de elevada ociosidade", afirma.

Esses indícios, somados ao aumento dos juros --que elevam o custo financeiro das empresas e esfriam o consumo--, tendem a afetar a economia também em 2014.

"Os juros subindo, a confiança menor e o câmbio mais alto sugerem um ritmo mais moderado da economia", diz Bicalho, para quem o PIB deve crescer 1,7% em 2014 --menos do que em 2013 (2,3%, segundo sua nova projeção).

A expectativa de um 2014 de crescimento menor é também a previsão de Sérgio Vale, da MB Associados. "A alta da Selic terá um comportamento relevante de desaceleração num momento em que o mercado de trabalho já está em deterioração", disse. O emprego perdeu fôlego em julho e a renda cresce menos.

A única chave capaz de inverter o pessimismo, na visão de André Biancarelli, da Unicamp, são as concessões do setor de infraestrutura.

"São um investimento importante neste momento de perda de confiança", diz ele. "Elas podem ter um efeito psicológico neste ano, mas terão mais resultado na economia a partir do ano que vem."

OLHAR NO RETROVISOR

Para economistas em Campos do Jordão, no evento da BM&FBovespa, o resultado do primeiro semestre é "imagem no retrovisor".

"[O crescimento do PIB] Veio mais forte do que se esperava. Mas é um pouco como olhar pelo retrovisor", disse Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e sócio da Mauá investimentos.

Para Persio Arida, sócio do banco BTG Pactual e um dos formuladores do Plano Real, sair do baixo crescimento requer esforços além de impulsos de curto prazo.

"Para crescer mais do que isso, teríamos de ter ganho de produtividade. O ideal é que houvesse uma redução do tamanho do Estado e uma política de adequação fiscal", disse ele.


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