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Análise
Com compra da Nokia, Microsoft tenta reverter vantagem das rivais
Papel de Stephen Elop, que trocou a Microsoft pela presidência da Nokia em 2010, é questionado
A Nokia passou por muitas reviravoltas desde que começou como fabricante de papel, em 1865, e seguiu essa atividade com operações de venda de botas de borracha e pneus para automóveis.
Mas a decisão anunciada na noite de anteontem pela companhia finlandesa de que venderia suas operações de celulares --no passado as maiores do mundo-- e acompanharia a rival sueca Ericsson na fabricação de equipamentos de telecomunicações deve ter sido dolorosa.
No seu pico, em 2000, o valor de mercado da Nokia estava próximo dos US$ 250 bilhões, principalmente pela divisão de celulares.
Agora, vai vender suas operações de telefonia móvel por apenas € 3,8 bilhões à Microsoft, que pagará mais € 1,7 bilhão para licenciar as patentes.
A transação já causou uma onda de depressão na Finlândia, onde a Nokia em dado momento respondia por um quarto da arrecadação e era vista como o futuro do país.
Devem surgir questões sobre o papel de Stephen Elop, que trocou a Microsoft pela presidência-executiva da Nokia em 2010. As vendas tanto de smartphones quanto de celulares básicos despencaram durante sua gestão.
Elop abandonou os sistemas operacionais próprios e os substituiu pelo Windows Phone, um sistema não testado da Microsoft.
Depois de um começo lento, as vendas dos Nokia Lumia estão crescendo firmemente. Mas, embora o Windows Phone já seja o terceiro sistema operacional para smartphones nos EUA, detém apenas 3,5% do mercado, de acordo com a Kantar Worldpanel --Apple iOS e Google Android detêm juntos mais de 90%. Na Europa, o Windows Phone responde por 8,2%; o Android, por 66%.
Agora que Elop está retornando à Microsoft como chefe das operações de telefonia móvel e forte candidato a suceder Steve Ballmer na presidência-executiva, começam a circular boatos na Finlândia sobre a possibilidade de que ele não tenha dirigido a Nokia de modo independente, o que a empresa nega.
Mas a Microsoft e a Nokia continuarão estreitamente ligadas por algum tempo.
Cerca de 32 mil funcionários da Nokia serão transferidos à Microsoft, deixando o grupo finlandês com 56 mil trabalhadores.
Ballmer não deixa dúvidas de que uma aquisição plena da Nokia tem por objetivo acelerar muito a expansão de seu sistema operacional. "Acreditamos que poderemos melhorar muito nossa participação de mercado, ante a atual", disse, em entrevista.