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Sabatina Folha Luiza Trajano

O importante não é ser grande, mas ser mais veloz que rival

Presidente do Magazine Luiza afirma que atendimento é fundamental para empreendedor se destacar dos concorrentes

Em sabatina da Folha, executiva afirma que últimos meses foram positivos para as vendas do varejo

DE SÃO PAULO

Em sabatina promovida pela Folha anteontem, a empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, disse que o maior problema das empresas que crescem é a burocracia que vai surgindo.

"É tanta gente, tanta consultoria. Com o tempo, você está distante, as pessoas só dizem o que você quer ouvir."

Questionada pela plateia sobre as pequenas lojas que fecham quando o Magazine Luiza chega a uma cidade, afirmou que elas têm condições de dar um atendimento melhor que as grandes redes.

À colunista Maria Cristina Frias, à editora de "Mercado", Ana Estela de Sousa Pinto, e ao repórter Toni Sciarretta, Luiza fez ainda grande defesa do Minha Casa Melhor, em que o governo subsidia eletrodomésticos para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida.

EMPREENDER

Eu perdi meu marido de repente, há três anos. Foi na piscina, ele estava nadando, era novo. O que nos salva é ter uma paixão muito forte. E foi a paixão pelo varejo que me salvou. O empreendedor tem de gostar do que faz.

Você tem de se esforçar, 70% das pessoas que venceram vieram de família pobre. Tem gente sem energia, que anda com uma planta e a planta morre [risos], não dá.

Veja, quando a pessoa não deu certo em nada na vida, vai ser vendedora [risos]. Mas eu adoro. Minhas amigas, intelectuais, nunca quiseram ser vendedoras, e eu na faculdade já queria. Isso me move.

Acho também que o empreendedor é muito castigado no Brasil por não ter dado certo na primeira vez. Nos EUA, é a coisa mais comum. Erre uma, duas, três vezes, só não erre o que você já errou.

[Dirige-se a um participante que encaminhou uma pergunta sobre ser empreendedor.] Você não tem nada a perder. Se tudo der errado, você voltará a ser bancário.

ABERTURA DE CAPITAL

É ótimo para a empresa a cultura de prestar contas.

No começo, sofri com o sobe e desce da ação. Depois de três meses, parei de olhar.

O problema da Bolsa é que você vale o que você deu no trimestre. Não é algo sustentável, a quebra do [banco americano] Lehman [Brothers, em 2008] mostra isso.

EXPANSÃO

Nós compramos muitas redes pelo Brasil. Eu gosto de fazer isso. Mas, quando compro, respeito muito. Por seis meses, é proibido falar o que eles fazem de errado.

Nunca é simples. Não foi simples no Nordeste, não foi no Rio Grande do Sul. Lá, todo mundo dizia "gaúcho não gosta de gente de fora, lá tem de tomar chimarrão e cantar o hino". Deu trabalho, mas o resultado hoje é muito bom.

EMPRESA FAMILIAR

A vantagem da empresa familiar é o clima que se cria. No nosso caso, a preocupação com [fazer os funcionários] se abraçarem, cantarem, isso ajuda a sermos uma ótima empresa para trabalhar.

Quando decidimos vir a São Paulo, disseram "não fica abraçando, que em São Paulo o pessoal não gosta disso" [risos]. Imagina, pelo contrário.

E eu queria que meus filhos tocassem na banda. Ver a banda passar porque são filhos, porque têm família rica, acho muito triste. Ou pior: não tocar e ainda ficar botando defeito na banda.

FORNECEDORES

Você tem de cuidar para não matar o seu fornecedor.

Quando viemos [de Franca] para São Paulo, chamei o fornecedor para fazer material de instalação para as lojas.

Precisávamos economizar. Aí há duas opções. Uma é simplesmente falar "ou você abaixa 20% o preço ou não faço". É o jeito normal. No limite, você quebra o fornecedor.

Outra opção é falar "precisamos abaixar o custo em 20%, mas chamem os técnicos de vocês para dar sugestões de como podemos fazer". E eles foram lá, disseram para usar outro material, fazer outro formato, foi ótimo.

ABÍLIO

Se eu vendesse Sadia, teria ficado incomodada [com a presença de Abílio Diniz no conselho da BRF e no Pão de Açúcar]. Se eu sentar amanhã no conselho da Whirlpool, meus concorrentes têm de achar ruim. Quem está no conselho sabe tudo da empresa.

CLASSE C

Comecei a frequentar Paraisópolis e Heliópolis. Abrimos loja, estamos procurando crescer. Aí levei os sul-coreanos da Samsung para Paraisópolis. Eles viram os moradores mostrando o quanto queriam o último Galaxy.

Levei a também o pessoal da Whirlpool para mostrar que os moradores queriam geladeira "frost free", de duas portas. E a Whirlpool não pretendia investir nisso!

PEQUENOS

Não é verdade que as redes matem o pequeno varejista local. Ele pode dar um ótimo atendimento, e os fornecedores valorizam o pequeno. A indústria não quer ficar na mão de dois ou três grandes.

Veja os supermercados. Quando o Walmart chegou, todo mundo ficou assustado. Na minha região [interior de São Paulo], supermercados locais é que são um sucesso.

A questão não é o grande comendo o pequeno, é o veloz vencendo o lento.

É fato, porém, que hoje os pequenos têm um problema. O Simples ajudou demais, mas há uma morte súbita quando se chega a R$ 3,6 milhões [de faturamento] por ano. Deveria ter um escalonamento até R$ 8 milhões ou 10 milhões.

MINHA CASA MELHOR

Fiquei oito meses indo a Brasília tratar do Minha Casa Melhor. O governo é muito aberto para a gente ajudar. Sei que vocês nem vão publicar isso, porque vocês gostam do negativo [risos]. Mas a Dilma é alguém que escuta.

No Nordeste, a cada 100 clientes novos do varejo, 70 não têm histórico de crédito e não são aprovados. O governo escolheu vários produtos para a casa, e até R$ 5.000 a pessoa vai pagar em 48 meses, a 5% ao ano. Hoje, o programa representa 7% ou 8% da nossa venda. Mas vai subir. A Caixa já deu R$ 1 bilhão ao programa.

OTIMISMO

Só 7% dos brasileiros têm TV de tela plana. Outro dia vendemos 8.000 jogos de panela num dia só. O brasileiro quer as coisas, há potencial.

Os últimos meses foram uma boa surpresa para o varejo. Até julho, era muita luta para chegar na meta de vendas. Agora melhorou. Como o varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que reage, é algo muito bom.


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