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Análise

Impacto da política econômica não reconhece mais fronteira nacional

Política do BC americano mostra que efeitos das medidas não estão restritos a um único país

Queixas dos emergentes sobre a distorção causada por países ricos foram em grande parte ignoradas

MICHAEL SPENCE ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

Em todo o mundo, políticas, tecnologias e processos longos de aprendizado se combinaram para erodir as barreiras à interação econômica entre os países. Escolha qualquer indicador: comércio em relação ao PIB global, fluxos de capital em relação ao estoque mundial de capital, e assim por diante --todos apontam alta.

Mas as políticas econômicas são estabelecidas em nível nacional e, com poucas exceções, como o rastreamento de fundos que financiam o terrorismo, as autoridades em geral estabelecem metas com a intenção de beneficiar a economia local.

E essas políticas, ou mudanças de política, estão afetando cada vez mais as demais economias e o sistema mundial, dando origem ao que poderíamos designar como "externalidades políticas" --ou seja, consequências que se estendem para além do ambiente que servia de meta às autoridades.

A crise econômica e suas consequências servem como exemplo. Modelos defeituosos de crescimento nos países ricos resultaram em instabilidade, uma crise e um grande choque negativo na economia real.

Os países emergentes foram afetados imediatamente por aperto no crédito e queda rápida nas exportações, o que resultou em choques semelhantes para eles.

Os países avançados agiram para prevenir uma espiral de queda, por meio de ferramentas de política monetária e fiscal. Estas também têm efeitos externos, mas, ao menos em curto prazo, o remédio (distorções no mercado de capital) era em geral considerado prejudicial que a doença (o colapso econômico das economias ricas).

Nos EUA, isso implicou diversas rodadas de relaxamento quantitativo, o que na prática significa que o governo toma dinheiro emprestado de si mesmo --uma forma de controle de preços.

Os poupadores fizeram o esperado: buscaram retornos mais elevados nas economias emergentes, gerando uma alta de crédito e alimentando pressão de alta nas taxas de câmbio e nos preços dos ativos, nesses mercados.

Essa externalidade evidente tornou necessárias respostas políticas nos países emergentes: limites ao influxo de capital, acúmulo de reservas e medidas de restrição de crédito para restringir a inflação nos preços dos ativos.

As queixas das autoridades econômicas dos mercados emergentes sobre a distorção causada pelas políticas dos países avançados foram em larga medida ignoradas.

Tudo isso mudou dramaticamente depois de maio, quando o BC dos EUA começou a sinalizar sua intenção de reduzir suas imensas compras mensais de ativos de longo prazo. Os preços dos ativos passaram por uma virada e o capital fugiu dos emergentes, causando aperto nas condições de crédito e queda nas taxas de câmbio.

No mínimo, é quase certa uma redução em curto prazo no crescimento, mas a importância sistêmica da China com respeito ao crescimento dos emergentes, sua relativa estabilidade, e as respostas de política econômica dos demais países emergentes sugerem que o principal efeito da mudança de política que o Fed está por adotar será um novo equilíbrio, com preços de ativos menos distorcidos.

Isso deve criar oportunidades para os investidores, especialmente se houver um exagero na queda enquanto o novo equilíbrio emerge.


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