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Moradores criam 'banco do bem' e rejeitam contas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHACom a crise, as iniciativas de desobediência civil na Espanha vão além das corralas.
Em La Palmilla, um dos bairros mais pobres e violentos de Málaga, moradores tomaram a sede de uma antiga agência bancária e instituíram "O Banco Bom" ("Er Banco Güeno", na gíria local).
O lugar funciona como um restaurante comunitário que distribui cerca de 400 refeições gratuitas diárias feitas a partir de doações. Também é oferecido aconselhamento jurídico a famílias despejadas.
Os ocupadores, apoiados por movimentos sociais e partidos de esquerda, acusam o banco Unicaja, dono do prédio, de ser um "símbolo do capital". Apesar do discurso de autogestão, a iniciativa tem como chefe de fato Jesús Rodriguez, que já cumpriu pena por tráfico de drogas.
Segundo ele, 3 em 4 moradores do bairro estariam sem emprego. A consultoria AIS estima que mais de 30% da população economicamente ativa de Málaga esteja parada. O sul da Espanha tem as piores taxas de desemprego. Para Rodriguez, "a única resistência possível são ações de desobediência civil".
Apoiados pelo "banco bom" evocando o contexto da crise, moradores se recusam a pagar contas de água e exigem uma tarifa especial para consumidores pobres. Também há no bairro movimentos que rejeitam pagar alugueis, mesmo os subsidiados.
"Não entendo por que o governo pensa mais em eliminar a desobediência do que em buscar normas que favoreçam as pessoas", reclama Rodriguez, réu em processo da Unicaja. Se condenado, ele promete se trancar, com vizinhos, no "banco bom".