Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Obama indica 1ª mulher para comandar BC dos EUA
Atual vice do Fed, Janet Yellen terá tarefa de desmontar programa de estímulo
Crescimento fraco e desemprego são desafios do órgão, que podem ser agravados pelos entraves no Congresso
A economista Janet Yellen, 67, deve ser indicada hoje pelo presidente Barack Obama para comandar o Fed (banco central dos EUA), com a tarefa de desmontar o programa de estímulo ao mesmo tempo em que a maior economia global une crescimento fraco a alta taxa de desemprego.
O anúncio de Yellen será feito hoje à tarde e seu nome ainda precisa ser aprovado pelo Senado. Se confirmado, ela será, a partir de 2014, a primeira mulher a comandar o Fed, criado em 1913.
Ela passou a ser vista como favorita após Lawrence Summers (ex-secretário do Tesouro) abandonar a disputa já que seu nome não era consenso entre os democratas.
A principal dificuldade inicial da professora emérita da Universidade da Califórnia não deve ser o Senado, onde a situação democrata tem maioria, mas, sim, o rumo do programa de estímulo de US$ 85 bilhões iniciado em 2012 e que teve nela, vice-presidente do Fed desde 2010, uma grande apoiadora.
O atual presidente do BC americano, Ben Bernanke, vem sinalizando ao mercado desde maio que o organismo vai reduzir a sua compra de títulos. Grande parte dos investidores acreditava que isso ocorreria em setembro, o que não aconteceu.
O desmonte do programa pode começar na reunião do Fed no fim do mês, mas certamente caberá ao sucessor de Bernanke a tarefa de encerrá-lo --o que deve ter efeito na moeda de países emergentes, como visto no Brasil até agosto principalmente.
Por um lado, manter o programa por tempo demais pode gerar uma bolha, como a que ocorreu no mercado imobiliário americano e que detonou a atual crise.
Por outro, a economia vem em ritmo fraco (crescimento médio de 1,6% na taxa anualizada entre o terceiro trimestre de 2012 e o segundo deste ano) e o desemprego permanece alto: 7,3%.
Uma dificuldade adicional poderá ocorrer caso o Congresso não chegue a um acordo sobre o aumento do teto da dívida, o que pode levar os EUA a uma grave recessão.
Bernanke, no cargo desde 2006, tinha lançado duas rodadas anteriores de estímulo (2008 e 2010), que foram encerradas porque a economia apontava poder caminhar sozinha, o que não ocorreu.
ESTILOS
Para o mercado, Yellen é vista como uma continuidade das ideias de Bernanke, mas os dois têm personalidade distintas: ele é considerado discreto, e ela, exigente.