Folha de S.Paulo

Vaivém das commodities

Carne tem ritmo forte de alta no 2º semestre

Após um primeiro semestre de fortes baixas de preços no campo, as carnes retomam a tendência de alta neste segundo semestre do ano.

O resultado é uma alta dos preços também no varejo, puxando os índices de inflação dos últimos meses.

Acompanhamento diário de preços do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta que a carne suína é a que tem a maior elevação de preço.

A alta foi de 33% neste segundo semestre. O baixo preço do início do ano forçou o produtor a se desfazer de uma quantidade maior de animais para fazer caixa e cobrir despesas. O resultado é uma oferta menor de animais agora.

O consumidor já paga mais pela carne suína no supermercado, mas o aumento atual ainda não compensa a queda do primeiro semestre.

Os dados de inflação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indicam uma queda acumulada de 7% nos preços da carne suína no primeiro semestre. No segundo, a alta é de 2%.

A Abipecs (associação do setor) diz que a redução de abates já ocorre há dois meses, o que diminui a oferta de carne também para o mercado externo. Em setembro, a exportação recuou para 45 mil toneladas, 24% menos do que em igual mês de 2012.

O Cepea registra evolução de preços também nas aves, provocada pela menor produção desde junho. Em agosto, a produção de carne de frango somou 1,1 milhão de toneladas, 3% menos do que a de junho, segundo a Apinco (associação do setor).

O consumidor se beneficiou da queda de preço do frango nas granjas no primeiro semestre, pagando 12% menos nos supermercados. No segundo, no entanto, os preços já subiram 10%.

A carne bovina segue o mesmo ritmo das demais. A conjugação da menor oferta de gado a pasto, devido à entressafra, e da redução de animais de confinamento prejudicou o ritmo de abate nos frigoríficos. O resultado foi que a arroba chegou a R$ 112 em algumas regiões de São Paulo, 11% mais do que no fim de junho.

Esse aumento no campo já começa a refletir no bolso do consumidor, que pagou 2% mais pelas carnes bovinas no mês passado. Desde o início de julho, a alta é de 1%, ainda bem distante da queda de 6% no primeiro semestre.

Frango O Brasil não utiliza cloro como descontaminante de carcaças no processo de abate de aves. O nível de cloro da água potável utilizado nos abatedouros brasileiros acata o que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

Dentro dos padrões Além disso, a utilização está de acordo com os padrões de potabilidade de água estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Ameaça Essa é a resposta da Ubabef (União Brasileira de Avicultura) aos russos, que ameaçam banir as importações de frango do Brasil se encontrarem o uso de cloro nas carcaças de frango.

Chantagem O Ministério da Agricultura já encaminhou documento sobre a posição brasileira às autoridades russas. Uma declaração como essa soa chantagem antecipada, aponta a Ubabef.

Soja Os argentinos começam nesta safra o caminho percorrido pelos brasileiros para testar a produtividade da soja Intacta da Monsanto.

Aprovada A diferença é que a oleaginosa colhida neste teste já será incorporada ao volume a ser exportado, uma vez que já há aprovação externa para o produto.

Cana As usinas do centro-sul já moeram 440 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nesta safra, um volume 15% superior ao de igual período do ano passado. A produção de etanol subiu para 18,8 bilhões de litros, 24% mais.

DE OLHO NO PREÇO

cotações

Nova York

Café

(cent. de US$*)114,40

Açúcar

(cent. de US$*)18,72

Chicago

Trigo

(US$ por bushel)US$6,86

Soja

(US$ por bushel)US$12,88

*por libra-peso