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Análise
Credibilidade dos EUA foi a principal afetada pelo embate
Aprovação de republicanos caiu de 38%, em setembro, para 28%; resultado para democratas não é melhor
Credibilidade é como virgindade: pode ser preservada, mas não recuperada
O Partido Republicano dos Estados Unidos foi derrotado na novela da paralisação do governo e da elevação do limite do endividamento.
A oposição pôs uma arma contra a cabeça do presidente Barack Obama e ameaçou conduzir o país para o calote, caso democratas não aceitassem reverter vários pontos da lei de reforma da saúde, a chamada "Obamacare".
A extorsão não funcionou, e os republicanos foram pressionados a recalcular a rota de forma humilhante ontem.
Segundo pesquisa do Instituto Gallup feita entre 3 e 6 de outubro, mesmo antes do recuo, a popularidade do partido de oposição havia caído estrepitosamente: só 28% dos americanos viam favoravelmente o partido, diante de 38% em setembro.
Mas como admitiu ontem Jay Carney, o porta-voz da Casa Branca, não há vencedores no embate.
Entre mortos e feridos, quase ninguém se salvou.
A aprovação dos democratas está em 43%.
E os Estados Unidos, como país, saíram com a credibilidade chamuscada.
É a segunda vez em pouco mais de dois anos que o governo americano chega perto de dar um calote.
A pergunta geral é: será que dá para confiar em um país assim tão disfuncional, em que um partido pode tomar o outro como refém e ameaçar não pagar as contas?
A China tripudiou: pediu uma economia global "desamericanizada" para que "a comunidade internacional possa se proteger dos efeitos do turbilhão da política doméstica dos EUA".
A agência de classificação de risco Fitch disse que "atitudes políticas temerárias podem aumentar o risco de um calote americano".
E o pior é que o acordo, aprovado no final da noite de ontem, apenas adia em alguns meses o próximo embate sobre a elevação do teto da dívida.
Os americanos estão brincando com fogo.
Como disse o megainvestidor Warren Buffett, sobre a possibilidade de o teto da dívida não subir: "O mero fato de se cogitar a ideia [de um calote] é totalmente irresponsável, e deveria ser banido do arsenal dos dois partidos".
E concluiu: "Credibilidade é como virgindade: pode ser preservada, mas não recuperada facilmente".