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Acordo provisório evita calote dos EUA e nova crise mundial
Após mais de duas semanas de impasse que podia levar a moratória de efeito global, oposição no Congresso cede
Impasse pode voltar em dezembro, quando parlamentares terão de votar Orçamento; teto da dívida vale até fevereiro
Após mais de duas semanas de impasse que abalaram a credibilidade americana e reavivaram temores de uma nova crise global, o Congresso dos EUA aprovou na noite de ontem projeto que evita provisoriamente um calote federal e que permite a retomada das atividades do governo, paradas desde o dia 1º.
A Câmara dos Representantes (deputados), controlada pela oposição republicana, aprovou por 285 votos a 144 elevação temporária do teto da dívida, que precisará ser renegociado até 7 de fevereiro. Todos os que votaram "não" foram republicanos, mas 87 membros do partido acompanharam o governo.
No Senado, de maioria democrata, o plano passou com 81 votos contra 18.
"Durante 224 anos, os EUA estabeleceram seu crédito como o mais forte do mundo. Os EUA são a âncora do sistema financeiro internacional, e [emitimos] a moeda de reserva mundial", escreveu o secretário do Tesouro, Jacob Lew, em comunicado após a aprovação no Senado.
"Por causa dos esforços de hoje [ontem], continuaremos a honrar nossos compromissos e a preservar a fé e o crédito dos Estados Unidos."
Nos últimos dias, líderes estrangeiros, instituições multilaterais e empresas alertaram Washington sobre os danos que um calote traria à imagem do país e ao sistema financeiro global, via mercados de câmbio e dívida.
A dívida dos EUA é de US$ 16,7 trilhões, pouco acima do PIB americano de US$ 16,2 trilhões (quase sete vezes o brasileiro), e só o Congresso poderia elevar esse teto.
O Brasil é o terceiro credor externo dos EUA, segundo dados de julho do Tesouro americano, com 4,6% dos títulos da dívida em mãos estrangeiras. Segue China (22,6%) e Japão (20,2%).
PARALISIA
O acordo de ontem permite ainda a reabertura do governo e seu financiamento até 15 de janeiro, com uma nova votação do Orçamento do ano fiscal de 2014, iniciado no último dia 1º, em dezembro.
Até lá, o Congresso precisará discutir cortes no Orçamento federal, defendidos pelos republicanos, ou novas fontes de arrecadação, pedidas pelos democratas, para equilibrar as contas.
O presidente Barack Obama celebrou a vitória após se negar a negociar e a reverter parte de sua reforma no sistema de saúde do país, como exigia a oposição.
"Podemos começar a dissipar esta nuvem de incerteza e mal-estar de nossos negócios e do povo americano", disse Obama a repórteres na antes de a Câmara votar.