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Caso envolve gangue de nigerianos e mãe de santo

DE SÃO PAULO

Pelos personagens e pelas histórias que o cercam, o golpe no banco Noroeste é um caso inacreditável. Tudo começou em 1995, quando Nelson Sakagushi recebeu um fax com timbre do Ministério da Aviação da Nigéria. Era um convite para investir num fundo destinado à construção de um aeroporto naquele país e prometia retorno altíssimo.

As investigações mostraram que o então diretor da área internacional do banco tratou do assunto numa viagem a Londres, com pessoas que se passaram por representantes do governo da Nigéria. Um deles, Emmanuel Nwude, era sócio de um dos maiores bancos da Nigéria. Depois do encontro, Sakagushi embarcou na aventura.

Para os profissionais que investigaram o caso, ele pretendia ficar com parte do retorno do investimento e depois devolver os recursos ao banco sem que ninguém ficasse sabendo. Quando percebeu que não havia aeroporto nenhum, entrou em desespero.

Procurou a mãe de santo Maria Rodrigues da Silva, já falecida, que era sua guia espiritual. "Ele deu US$ 10 milhões a Maria Rodrigues para que ela o ajudasse a trazer o dinheiro de volta", conta o advogado Domingos Refinetti, que trabalha para os ex-controladores do Noroeste.

Entre outras tarefas, a mãe de santo Maria Rodrigues da Silva benzia documentos e fazia despachos.

Quando o desfalque foi descoberto e Sakagushi foi colocado contra a parede pelos chefes, saiu-se com a seguinte história para explicar para que tipo de trabalho a mãe de santo recebera tanto dinheiro: ela teria comprado 10 mil pombas brancas para fazer um despacho.

"Eu saí da sala e chamei outras pessoas para ouvir o que ele estava dizendo", diz o advogado Otto Steiner, ex-diretor jurídico do Noroeste. "A gente perguntava onde compraram tantas pombas? Onde as guardaram? Não havia resposta". Questionado pela Folha sobre essa história, Sakagushi não quis falar sobre o assunto. "Eu ia lá tomar passe, não sei nada dessas histórias."

A quebra do sigilo bancário de uma conta de Maria Rodrigues mostrou que ela tinha recebido depósitos de R$ 4 milhões. A mãe de santo também comprou uma casa de alto padrão e uma empresa de segurança, de acordo com as investigações. Num de seus depoimentos à polícia, disse que a fortuna repentina vinha de uma herança deixada pelo pai. Dizia também não saber nada sobre os problemas de Sakagushi no banco, porque não conseguia ouvir as conversas do cliente com os espíritos.


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