Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Exageros fiscais aceleram um país que não sai do ponto morto

ANDRÉ PERFEITO ESPECIAL PARA A FOLHA

Os dados fiscais de setembro foram um balde de água fria. O deficit primário de R$ 9 bilhões fez os R$ 16 bilhões de Libra parecerem mero prêmio de consolação e colocaram em risco a consistência temporal da dívida publica.

O mercado exige que a disciplina fiscal seja mantida a todo custo e alguns analistas acenam com o rebaixamento do Brasil já no primeiro trimestre do ano que vem.

Nesse período, estima-se, uma conjunção de dados fiscais ruins e do fim do programa de estímulo monetário nos EUA levariam o dólar para acima de R$ 2,60, o que criaria a "tempestade perfeita", que varreria as promessas de um Brasil do presente.

Há um tanto de exagero, mas há também elementos preciosos à análise.

A primeira constatação é que a dívida pública mudou de perfil. Em junho de 2002, os principais indexadores da dívida mobiliária federal eram o câmbio, com 29%, e a Selic, com 51%. Ou seja, o governo devia juros pós-fixados numa moeda que não emite.

Hoje a dívida em câmbio é nula e a pós-fixada caiu para baixo da prefixada, o que faz com que variações no câmbio mal atinjam o governo.

Que a dinâmica fiscal não é confortável ninguém pode negar. O Brasil gasta 5,7% do PIB só em juros, ficando atrás da Grécia, com 6,9%, e na frente da Itália, com 4,6%.

Mas é justamente isso que soa estranho. Por que o investidor exige um esforço fiscal como se ainda estivéssemos numa situação do tipo 2002?

É como se o investidor dissesse: o Brasil não reúne as qualidades suficientes para crescer, logo, ou o BC eleva a Selic para bem além dos dois dígitos ou o governo reverte sua política fiscal. Em ambos os casos o resultado líquido e certo é recessão econômica.

O governo, por sua vez, responde: a situação não é tão ruim, o ajuste se dará no médio prazo. O problema é que de fato pouca gente acredita que haverá ajuste no médio prazo.

Logo, é melhor voltar a ficar pós do que pré.

Vivemos hoje uma situação surrealista em que o governo acelera via fiscal, o BC puxa o freio de mão via Selic, o mercado pisa na embreagem por desconfiança e corta a tração da aceleração da demanda para a oferta.

No final, estamos apenas gastando gasolina.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página