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Programa mede "taxa de retorno" de investimento social

Ganho se dá na renda das famílias e no aumento do consumo e da arrecadação

SHEILA D'AMORIM DE BRASÍLIA

Resgatar um jovem vítima de violência sexual e inseri-lo no mercado de trabalho ou capacitar adolescentes de regiões com alto índice de violência para serem empreendedores pode ser um negócio com retorno econômico para o país, e não apenas uma ação de caridade.

Especializada na avaliação do impacto econômico dos programas sociais, a consultoria John Snow aponta que projetos nessas áreas têm taxa de retorno (TIR, no jargão dos especialistas) comparável ou até superior à prevista nos leilões de infraestrutura anunciados pelo governo.

O mais recente levantamento da empresa avaliou o programa ViraVida, administrado pelo Sesi (Serviço Social da Indústria) desde 2008, e constatou uma taxa interna de retorno de 9,76% ao ano, valor superior à prevista nos leilões de infraestrutura do país (em torno de 8%).

O programa, que já formou 3.800 jovens, tem como foco pessoas entre 15 e 21 anos vítimas de abuso sexual na família ou de prostituição.

Durante um ano, eles estudam, fazem cursos profissionalizantes, recebem auxílio psicológico e uma bolsa de R$ 500. Depois são encaminhados a empresas parceiras.

Ao contrário de uma rodovia, ferrovia ou um porto, em vez de lucro financeiro, o ganho se dá por meio do aumento da renda das famílias, do consumo e da arrecadação.

Para Miguel Fontes, diretor da consultoria, mensurar o retorno econômico desses projetos é uma prática que começa a ganhar espaço entre as empresas. Mostra que programas sociais não são "um saco sem fundo" e que há retorno para o investidor, diz.

Outro projeto, o Jovem de Expressão da Caixa Seguros, registrou uma TIR de 15,8%. O programa prepara para serem empreendedores adolescentes que vivem em locais com alto índice de violência.

No caso específico do ViraVida, o estudo avaliou o resultado entre 2008 e 2012 em 11 Estados. Concluiu que a renda obtida pelas pessoas que se formam é, em média, R$ 185 maior do que a de jovens na mesma faixa etária que estão fora do programa (R$ 575 ante R$ 390).

A metodologia seguiu a usada pelo Banco Mundial. A renda adicional obtida pelos jovens foi projetada para a vida útil deles, descontando possibilidades como desemprego, abandono do aperfeiçoamento ou até morte.

O resultado foi comparado com o custo do ViraVida (estimado em R$ 41,8 milhões no período). Chegou-se a uma TIR de 9,76% ao ano, que representa uma espécie de taxa de juros que baliza a tomada de decisão do empresário. Para que o negócio seja viável, a TIR precisa ser superior ao custo de financiamento.

Para Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional do Sesi, o levantamento ajuda no esforço de levar esses problemas para o mundo empresarial. "Quando se formam, esses jovens precisam de emprego. E o mundo empresarial quer números."

Hoje, o programa foi ampliado para 19 Estados. Em São Paulo, a primeira turma começou há cerca de um mês.


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