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Viciado aos 13, garoto hoje faz planos universitários

DE BRASÍLIA

Roberto (os nomes são fictícios) chega para conversar com a equipe da Folha com um sorriso no rosto e uma aparência tranquila.

Quem vê o jovem de 18 anos circulando com pilhas de arquivos pelos corredores no órgão em que trabalha, em Brasília, não imagina o que ele tem a contar.

Filho de classe média baixa da capital, Roberto se viciou em cocaína e crack aos 13 anos. Saiu da casa dos pais e, aos 15 anos, com 1,70 m de altura, chegou a pesar 42 kg. Perdeu 20 kg nesse período.

Para sustentar o vício, uniu-se a um grupo de travestis e passou a se prostituir nas ruas.

Internou-se numa clínica de dependentes, onde ouviu falar do ViraVida.

Entrou no programa, formou-se e há um ano trabalha como auxiliar de escritório, recebendo um salário mínimo (R$ 678) mais benefícios como vale-transporte.

Terminando os estudos, planeja fazer faculdade de relações internacionais e seguir a carreira diplomática. "O retorno para mim [do programa] é algo muito maior do que o que se mede em reais. Não é calculável", diz.

Sofia, por sua vez, é uma bonita jovem de 15 anos, sempre maquiada, mas que prefere não falar abertamente sobre o passado.

Aos dez anos, foi abusada sexualmente pelo padrasto e saiu de casa. Morou com a avó e, depois, com amigos.

Hoje, está de volta à casa da mãe e entrou no programa. Quer estudar psiquiatria e artes cênicas.

"Sou uma pessoa forte, nunca desisti de lutar pelas coisas que quero", diz.

ÓTIMO DESENHISTA

Wagner, de 17 anos, também demonstra timidez e uma certa resistência ao lembrar do passado. "Fiz muita loucura nessa vida", diz. Mas muda à medida que a conversa evolui para o presente. As profissionais que o acompanham dizem que ele é ótimo desenhista.

Hoje, o curso nessa área que conseguiu por meio do ViraVida é uma das coisas que mais o satisfaz.

Uma pasta preta guarda caricaturas e paisagens.

Aprendendo a fazer cálculos na aula de informática, diz que quer ser arquiteto.

"Voltei a sonhar com uma vida", coisa que, diz, não fazia enquanto se prostituía nas ruas. "Hoje, compro comida para minha casa, tenho conta no banco."


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