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Entrevista José Efromovich

Cresceria mais se não pagasse tanto por combustível

AVIANCA, QUE TEM MAIOR TAXA DE OCUPAÇÃO DE ASSENTOS DA INDÚSTRIA, DEVE REGISTRAR CRESCIMENTO DE 40% EM ANO NO QUAL AS LÍDERES TAM E GOL ENXUGAM A OFERTA
LUPA

MARIANA BARBOSA DE SÃO PAULO

Enquanto as líderes do setor aéreo economizam até no ar condicionado para fazer frente ao aumento de custos de combustível e do câmbio, que têm provocado prejuízos bilionários desde o ano passado, no QG da Avianca o clima é de comemoração.

Com um serviço elogiado pelos viajantes (lanche quente, TV individual e espaço entre as poltronas), a Avianca não dá conta da demanda.

O engenheiro José Efromovich, 58, sócio do irmão German na empresa e desde 2008 seu presidente, ressalta que tem o maior aproveitamento de assentos do setor (82%).

Há anos na lanterna, deve crescer 40% em 2013 e prevê fechar o ano com 7% do mercado --o que já incomoda a concorrência. Neste mês, a Gol ampliou o espaço em seus aviões retirando duas fileiras de assentos na ponte aérea Rio-SP.

Leia, a seguir, os principais pontos da entrevista com Efromovich, um colombiano-brasileiro nascido na Bolívia de família polonesa, que chegou ao país aos nove anos.

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Folha - A Avianca cresce em um ano em que as líderes estão encolhendo. Como?

José Efromovich - Quando você tem taxa de ocupação média acima de 80%, é sinal de que está perdendo passageiro para a concorrência. Isso significa a consolidação do produto diferenciado que implementamos após a restruturação. Espaço maior, refeição, TV individual, jogos.

O brasileiro está órfão de bom serviço ou tem sido maltratado pela concorrência?

Não sei se é maltratar. Ninguém apanha na concorrência. Cada um tem o seu nicho.

O sr. tem demanda que não atende. No passado, a concorrência resolveu isso com mais poltronas ou trazendo aviões.

Não quero tirar 4 cm de cada fila. Esse é um valor. Somos a única companhia que tem o selo "A" da Anac em todas as filas em todos os aviões da frota. Não temos assento que custa mais. Ninguém paga a mais para ter conforto.

Por que não trazer aviões?

Não queremos crescer mais do que estamos crescendo. Queremos voar muito alto com os pés no chão. Preciso substituir a frota, e meu crescimento se dá na troca de um avião de 100 lugares (Fokker) por um de 162 lugares (A320). Na Copa, não teremos mais Fokker. Essa padronização reduz muito os custos.

A Avianca lucrará neste ano?

Teremos o primeiro resultado operacional positivo da história da Avianca Brasil.

Em 2007, chegamos a -56% de margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização --medida de quanto a empresa consegue gerar de recursos]. Reduzimos isso a -1,3% no ano passado. Chegamos a ter 35 aviões de seis modelos diferentes. Desde 2008, a gente vem reduzindo o tamanho do prejuízo. Se não acontecer nenhum desastre econômico, terminaremos no positivo.

O modelo de negócios da Avianca é sustentável com uma operação três vezes maior do que se tem hoje?

Acreditamos que sim. É o modelo da Avianca internacional. Você depois se beneficia com o ganho de escala.

O serviço vai se manter quando a companhia crescer?

É a ideia. No exterior, temos cem aviões e produto similar, com comida, telinha, espaço.

Está sendo um ano difícil para o setor, com combustível e câmbio em alta e zero de crescimento. Se, como o sr. diz, a Avianca lucrar nesse cenário, a demanda que o setor apresentou ao governo é choradeira de quem enfrenta problemas particulares?

Não vi ninguém chorar. O meu resultado não é suficiente. Poderia crescer muito mais. Por que temos que pagar o combustível mais caro do mundo? Não entendo a fórmula de cálculo da Petrobras. Na última semana do mês, você fica sabendo o preço que pagará no mês seguinte. Se o preço do combustível dobra, não há milagre. Vai ser repassado para a passagem.

Qual a expectativa em relação à Copa do Mundo?

Temos uma grande ansiedade para saber como as seleções vão se distribuir nas cidades e adaptar os voos à expectativa de demanda.

Veja Fortaleza, que tem um estádio de 60 mil lugares. A hotelaria lá tem 15 mil leitos.

Metade dos que vão assistir aos jogos mora em Fortaleza. O resto vem de fora. Logo, serão 15 mil que terão de chegar e ir embora no dia. Isso representa quase 90 voos de ida e 90 de volta. Não haverá onde dormir. Isso é um problema.


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