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Na África, tradings invertem o fluxo e miram mercado interno

Continente é visto como mais aberto a companhias privadas

DO "FINANCIAL TIMES"

Na fábrica de processamento de alimentos que dirige em Lagos, Mukul Mathur descreve os milhares de quilômetros que seus tomates percorrem. À primeira vista, a odisseia entre a Nigéria e a Califórnia parece corriqueira, na era da globalização.

Mathur pode parecer apenas mais um comerciante adquirindo matérias-primas na África e as vendendo em mercados distantes e mais ricos.

Mas na verdade ele opera uma cadeia de suprimento que contraria as rotas de comércio da era colonial.

"Plantamos tomates na Califórnia, os processamos em forma de concentrado triplo e embarcamos o produto para a Nigéria", diz Mathur, comerciante nascido na Índia, na fábrica de US$ 12 milhões que a Olam, uma das maiores tradings --como são conhecidas as empresas que negociam commodities--, abriu em Lagos este ano.

A rota de suprimento de commodities da Califórnia à Nigéria teria sido impensável uma década atrás, quando o mundo dos negócios internacionais ainda considerava a África como um continente no qual a atividade econômica estava em declínio.

Mas com a aceleração do crescimento econômico, a demanda interna africana também está explodindo.

Para as tradings, essa é uma grande oportunidade que está invertendo seu modelo tradicional de negócios.

No jargão do setor, a África sempre foi um negócio de "origem", fornecendo matérias-primas para o exterior: ouro da África do Sul, café da Etiópia, petróleo da Nigéria, cacau da Costa do Marfim e cobre de Zâmbia.

A exportação de commodities africanas canalizou milhões de dólares aos cofres de magnatas estrangeiros.

Mas, nos últimos cinco anos, um novo negócio com a África como "destino" emergiu. "O potencial da África é imenso", diz Ivan Glasenberg, presidente da Glencore Xstrata, maior operadora mundial de commodities.

Outras grandes tradings de commodities como a Vitol e a Trafigura, da Suíça, investiram bilhões de dólares no continente, nos últimos cinco anos, para atender aos consumidores regionais.

A Cargill, maior trading mundial de commodities agrícolas, está estudando um primeiro investimento na Nigéria, e pretende plantar mandiocas no país para produzir amido e adoçantes.

Sua rival Louis Dreyfus Commodities recentemente formou uma joint venture com o Willowton Group, da África do Sul, para vender arroz aos sul-africanos.

A florescente demanda por commodities não é exclusivamente africana. Ásia e América Latina também têm apetite voraz por matérias-primas mas, nesses casos, empresas estatais desempenham papel maior nas operações de commodities. A África oferece às tradings mais liberdade de operação.


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