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Petrobras salva leilão de gás da ANP
Estatal fica com 68% dos blocos vendidos; apenas 30% dos 240 blocos oferecidos pela agência tiveram comprador
Resultado é 'excelente', diz ministro interino; foram negociados blocos de gás convencional e não convencional
Apesar do momento desfavorável para seu caixa, a Petrobras foi de novo a salvadora de um leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo), ao comprar 68% dos blocos de gás convencional e não convencional vendidos ontem.
Endividada e com previsão de investir US$ 236,5 bilhões até 2017, a empresa ainda aguarda o sinal verde do governo para o aumento de combustíveis, que será discutido hoje no conselho da companhia e que poderá aliviar um pouco o seu caixa.
A estatal ficou com 49 dos 72 blocos vendidos na 12ª rodada de licitações, que arrecadou R$ 165,2 milhões, com ágio médio de 755,95%.
Esse foi o primeiro leilão com oferta apenas de blocos de gás, o que atraiu a inédita participação de empresas de energia elétrica, como a Copel (Companhia Paranaense de Energia), que pretende usar o gás eventualmente descoberto em termelétricas.
A empresa arrematou quatro blocos na bacia do Paraná, em parceria com Petra Energia, Tucuman e Bayar, todas brasileiras.
A venda de apenas 30% dos 240 blocos oferecidos só não foi pior do que o resultado da sexta rodada, em 2004, com aproveitamento de 16%.
Ao todo, 12 empresas fizeram lances, 4 estrangeiras: Alvopetro (Colômbia); Geopark (Bermudas), Trayectoria (Panamá) e GDF Suez (França).
Os investimentos mínimos das 12 empresas será de R$ 503,2 milhões na exploração, cuja duração varia de 5 a 8 anos e que antecede o desenvolvimento e a produção.
INTERESSE
Apesar da venda de apenas 30% dos blocos, o saldo ficou acima das expectativas da ANP e dos representantes do governo presentes no leilão. De acordo com o ministro interino de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, o resultado foi "excelente", porque despertou o interesse por áreas de gás natural em terra.
As principais disputas ocorreram nas bacias do Paraná e do Recôncavo, esta última a mais cobiçada por ser uma das indicações da ANP para potencial de gás não convencional, pela primeira vez ofertado em um leilão no Brasil.
O gás não convencional foi responsável por uma drástica queda de preço do gás nos EUA (leia ao lado), o que fez o governo brasileiro iniciar estudos para sua produção.
Ele é chamado assim por não ser extraído de maneira convencional, ou seja, de reservatórios subterrâneos, mas sim de rochas que precisam ser fraturadas para sua extração --processo considerado agressivo por ambientalistas.
Ações na Justiça, principalmente movidas por órgão ambientais, tentaram sem sucesso impedir o leilão. O Brasil não produz gás não convencional em grande escala.