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Especial - OMC em xeque

Bali vai ser prova de fogo do comércio multilateral

Sistema de consenso entre nações é ameaçado por avanço de acordos regionais

Ministros de 159 países começam na terça a 9ª conferência da OMC; nesta semana, negociações prévias fracassaram

RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

Na próxima semana, o futuro do sistema multilateral de comércio estará em jogo. Os ministros de 159 países se reúnem em Bali, na Indonésia, para a nona conferência ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), que começa na terça.

A discussão não é apenas sobre um acordo modesto, que contempla uma fração das ambições da Rodada Doha, lançada em 2001.

Se não for possível chegar a um entendimento sobre tão pouco, a credibilidade da OMC e da governança global baseada no consenso entre as nações ficarão em xeque.

"O fracasso em Bali vai ter grave consequências para o sistema multilateral de comércio", alertou o brasileiro Roberto Azevedo, diretor geral da OMC em discurso aos embaixadores dos países membros da entidade.

Isso não significa que o pacote de Bali seja desprezível.

Um acordo que reduza a burocracia nas aduanas pode significar quase US$ 1 trilhão de aumento no comércio global.

Os ministros chegam à Indonésia com dez textos já praticamente negociados, que incluem, além de medidas de facilitação de comércio, agricultura e desenvolvimento dos países pobres.

Nas últimas semanas, Azevedo impôs uma maratona de 150 horas de negociação na sede da OMC, em Genebra, em um ritmo que não se via desde 2008, ano em que a Rodada Doha esteve mais perto de ser concluída nos últimos 13 anos.

Mas as negociações prévias fracassaram, deixando aos ministros a difícil tarefa de demonstrar vontade política para obter sucesso no que os técnicos deixaram escapar.

Como em 2008, um dos vilões da negociação tem sido a Índia, embora EUA, Cuba e Egito, entre outros, resistam em temas específicos.

Os indianos recuaram e passaram a discordar de uma "cláusula da paz", que permitiria que, durante quatro anos, os países pobres não fossem questionados pelos subsídios provocados por programas de segurança alimentar. A Índia não quer um prazo definido.

"Fechar um acordo em Bali não é fácil e não é simples, mas também não é impossível", diz Paulo Estivallet, chefe do departamento econômico do Itamaraty.

Para o Brasil, a situação é especialmente delicada, porque o país jogou todas as suas fichas na OMC, o único fórum onde é possível discutir subsídios agrícolas, deixando de lado os acordos bilaterais.

Com Estados Unidos e União Europeia, os dois gigantes globais, negociando um acordo bilateral, o isolamento brasileiro e a preocupação com o futuro da OMC aumentam.


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