Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise consumo das famílias

Capacidade de poupança será crucial para fixar novo ritmo

AURÉLIO BICALHO ESPECIAL PARA A FOLHA

O consumo das famílias no Brasil cresceu a taxas elevadas nos últimos anos. Aumento do emprego, da renda, câmbio mais apreciado e crédito em expansão foram os motores da demanda das famílias por bens e serviços.

A ascensão da classe média também impulsionou esse crescimento. Por trás desse cenário havia um crescimento mundial robusto, com liquidez abundante e poupança externa disponível.

Mas esse cenário está mudando. A poupança está se tornando uma restrição. Sem aumento da poupança pública e da produtividade, o crescimento do consumo nos próximos anos poderá ser bem inferior ao do passado.

De 2003 a 2012, o consumo cresceu em média 4,3% anuais, e o PIB, 3,6%.

Alguns fatores contribuíram para essa diferença: a ociosidade no mercado de trabalho, permitindo que emprego e renda crescessem a taxas elevadas; as mudanças no mercado de crédito, como as linhas do consignado, aumentando o acesso das famílias a esse mercado; a queda dos juros reais; e a maior liquidez internacional, com abundância de poupança externa e apreciação do câmbio.

Hoje, entretanto, esses fatores estão menos presentes. O desemprego já alcançou níveis historicamente baixos, e não há espaço para os salários crescerem acima da produtividade por mais tempo.

A massa salarial deve se expandir a um ritmo próximo da metade do da última década. O crédito ao consumo já avança menos, e juros e câmbio já estão em outra direção.

Juros e câmbio refletem o cenário doméstico, mas respondem também às condições externas de liquidez e de disponibilidade de poupança.

Com a provável diminuição do estímulo monetário nos EUA em 2014, a disponibilidade de poupança externa já parece menor para o Brasil. Isso tem resultado em um câmbio mais desvalorizado e em uma taxa de juro real mais alta. A consequência é um consumo menor.

O bem-estar das famílias aumenta quando elas consomem mais. Contudo, com a baixa poupança doméstica e a escassa poupança externa, menor é o espaço para o consumo e o investimento crescerem simultaneamente.

Mas há meios de conciliar o aumento do consumo e do investimento, tão importante para o crescimento da economia no longo prazo.

Se o setor público elevar sua poupança e implementar medidas que elevem a produtividade, o consumo poderá crescer mais. Caso contrário, o ritmo de alta do consumo das famílias nos próximos anos deverá ser bem diferente do da última década.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página