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Custo faz indústria têxtil americana sofrer

Competição com a Ásia é difícil; americano diz preferir produtos locais, mas tal preferência some na hora de pagar

Produtos de maior qualidade são o último nicho de resistência; fábrica de 112 anos virou distribuidora de água

STEPHANIE CLIFFORD DO "NEW YORK TIMES"

A estilista Nanette Lepore é uma defensora do distrito de Garment, bairro tradicional da indústria têxtil em Nova York. Sua empresa ocupa seis andares de um edifício em Manhattan.

Ela organiza comícios pela salvação do "fashion district", escreve sobre os perigos de perder a produção local e faz lobby junto aos legisladores da capital para ampliar o apoio à indústria norte-americana da moda.

Mas ela conta que, ao assinar um contrato com a J. C. Penney para uma linha de preço baixo voltada às adolescentes --peças com preços de venda equivalentes a 10% dos vigentes para suas linhas mais sofisticadas--, a cadeia de varejo e de venda por catálogo não tinha como bancar produção em Nova York.

Mesmo quando os consumidores se veem confrontados casos como o da fábrica que ruiu em Bangladesh, causando a morte de mais de mil operários têxteis, eles mostram pouca inclinação a pagar mais caro pelas roupas que compram, dizem os fabricantes de roupas.

O padrão se repete no ramo de varejo. Na Lands' End, por exemplo, suéteres fabricados nos Estados Unidos custam US$ 59, enquanto os produzidos no Vietnã custam US$ 25. Um suéter da Abercrombie & Fitch produzido nos Estados Unidos é vendido por US$ 150; o fabricado no exterior, US$ 68.

Dois terços dos consumidores norte-americanos dizem verificar os rótulos das roupas, nas compras, para ver se estão comprando produtos nacionais. Mas as declarações dos consumidores nem sempre se enquadram à maneira pela qual gastam seu dinheiro, especialmente se estiverem vivendo com dinheiro contado.

A Fessler USA, fabricante de roupas da região de Blue Mountain, Pensilvânia, é um exemplo disso.

Após 112 anos, a empresa foi liquidada. Boa parte da fábrica está sendo alugada a um distribuidor de água mineral e a uma academia de ginástica. Na frente do edifício, restou tudo que não foi vendido, de cabides de madeira a caixotes repletos de camisetas que não passaram no controle de qualidade.

Há algumas tentativas de estimular a indústria textil americana. O Wal-Mart, que baseia seus negócios em itens de baixo custo, criou um programa este ano para ampliar suas compras de produtos fabricados nos EUA em US$ 50 bilhões em prazo de 10 anos.

Não tem dado certo. As metas de preços "mal cobrem o custo do tecido, quanto mais os salários e despesas dos trabalhadores norte-americanos", declarou Christopher Dal Piaz, presidente da SML Sport, uma marca de roupas esportivas de Nova York, em carta ao vice-presidente de marketing da Wal-Mart, depois de uma frustrante reunião de compras.

Por isso, os varejistas estão se concentrando na qualidade ao tentar justificar o custo mais alto dos produtos norte-americanos.

"Em muitos casos, o produto que compramos hoje não tem os mesmos padrões elevados que víamos anos atrás", diz Marshal Cohen, analista de mercado especialista nesse setor.

"As camisetas que você compra são mais leves do que no passado? Em muitos casos, certamente sim. Eles precisam tirar coisas do produto para manter o mesmo preço".

Se os consumidores vão querer produtos como antes, não se sabe. Mas mesmo na ponta mais cara do mercado, companhias como a Keff NYC dizem que o mercado é novo e incerto demais para apostar.

Ricky Schiffer, o presidente-executivo da empresa, diz estar testando o apetite do consumidor por produtos fabricados nos Estados Unidos. Os compradores é que decidirão se esse movimento terá sucesso ou fracassará.


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