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Análise investimento

Investidor global pode inundar EUA de dinheiro

Ativos americanos são cada vez mais a única opção para quem procura segurança, mas representam risco para país

BC dos EUA pode ter de escolher entre continuar fomentando o crescimento ou reprimir o surgimento de bolhas

CHARLES DUMAS DO "FINANCIAL TIMES"

Os ativos reais dos EUA são cada vez mais a única opção de investimento importante que resta no mercado. Investidores de alcance mundial que estejam em busca de segurança e bons retornos encontram poucas opções tão atraentes, e nenhuma que ofereça escala semelhante.

O mundo pode em breve ver um influxo de capital aos EUA comparável àquele que embasou o boom dos mercados de ações no fim da década de 90, culminando com a bolha do setor de tecnologia.

Poupança demais significa investimento demais para o mundo como um todo: não há superavit de exportação que possa servir como válvula de segurança, como é o caso quando a questão se refere a países individuais.

A poupança mundial equivaleu a cerca de um quarto do produto bruto global em 2012, empatando com a proporção recorde de 2007.

Mas em 2007 a taxa de juros mundial básica --ou seja, o rendimento do título de dez anos, com correção monetária, do Tesouro dos EUA-- estava só um pouco abaixo de sua média de longo prazo, 2,5%. Em 2012, o rendimento real do título de dez anos dos EUA foi de 0,5% negativo.

O investimento mundial necessariamente iguala a poupança global, mas só foi conduzido ao nível de 2012 pelo custo real negativo do capital. Isso implica retorno negativo sobre o capital, considerados os riscos.

De outra forma, o investimento mundial teria sido menor em 2012 e, com ele, cairiam o crescimento, a renda e, portanto, a poupança.

Neste ano, o rendimento dos títulos de dez anos dos EUA se recuperou para 0,5%.

Isso dificilmente representaria um grande estímulo em termos de retorno sobre o capital. Mas basta para travar o crescimento na construção residencial norte-americana e para forçar alguns países em desenvolvimento que sofrem de deficit comerciais a adotar políticas restritivas.

HISTÓRIA POSITIVA

Quando o assunto é crescimento, os EUA são a grande história positiva no planeta; e as suas empresas, com ajuda da subvalorização do dólar, são altamente lucrativas.

Presumindo que as disputas sobre o Orçamento sejam resolvidas no início de 2014, o crescimento deve se acelerar para mais de 3% do segundo trimestre do ano que vem em diante.

Não é exatamente um boom, pelos padrões do fim dos anos 90, mas um crescimento relativamente contido pode servir para postergar a alta dos juros e possivelmente também dos rendimentos dos títulos do Tesouro.

É difícil ver como o dólar pode evitar alta rápida. A inflação, que é mínima, deve ser contida ou até rebaixada.

A outra grande mudança ante a situação do fim dos anos 90 é a China. A China, que na crise de 1997-1998 estava protegida por um câmbio subvalorizado em 30%, hoje tem taxa cambial supervalorizada em 30%, segundo estimativas da consultoria Lombard Street Research.

As reformas recentemente anunciadas incluem a remoção dos controles sobre a saída de capital privado do país, ao longo dos próximos anos.

A poupança anual chinesa responde por um quarto da poupança global. Os investidores privados do país provavelmente preferirão ativos americano a quase tudo mais que o planeta tem a oferecer.

Booms nos mercados de imóveis, habitação e ações podem no futuro próximo apresentar ao BC dos EUA uma escolha dolorosa entre continuar fomentando o crescimento ou reprimir o surgimento de bolhas.


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