Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Utopia do consenso trava OMC, diz analista

Para especialista, exigência de que todos os países concordem sobre tudo empaca temas mais importantes do comércio

Órgão fechou no sábado o primeiro acordo global em 20 anos, mas que só inclui uma fração do previsto na Rodada Doha

RAQUEL LANDIM ENVIADA ESPECIAL A BALI (INDONÉSIA)

Depois de fechar o primeiro acordo global em 20 anos, a OMC (Organização Mundial do Comércio) precisa aproveitar o fôlego e se reinventar. Especialistas e representantes do setor privado dizem que é hora de a entidade acabar ou ao menos reduzir o peso das decisões por consenso.

O diagnóstico é que, ao exigir que todos os países concordem com tudo o que está sobre a mesa, as negociações dos temas mais importantes empacam. Essa seria a principal razão de o acordo selado em Bali, na Indonésia, incluir só uma fração dos temas previstos para a Rodada Doha.

"A OMC precisa desistir da utopia do consenso. Antigamente um grupo pequeno de países tomava todas as decisões. Hoje é impossível colocar 160 países de acordo sobre os mais variados temas. O mundo mudou", diz Marcos Jank, diretor de relações com o mercado da BRF e um dos maiores especialistas brasileiros em negociações internacionais.

FILHOS BASTARDOS

Para Jank, está na hora de a OMC assumir seus filhos "bastardos", que são os acordos plurilaterais. São acordos sobre um tema específico --como tecnologia da informação ou investimentos-- entre um grupo de países que represente uma fatia importante do comércio global naquela área.

Os acordos plurilaterais são considerados mais "democráticos" que os bilaterais, pois qualquer país que deseje pode ingressar. Os acordos regionais e bilaterais excluem os países que estão fora, provocando desvios de comércio.

O Brasil não fechou muitos acordos bilaterais, que já chegam a mais de 200 ao redor do mundo, e também não participa da maior parte das negociações plurilaterais. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, diz que as diferentes formas de negociação não são excludentes, mas que a decisão por consenso é a que tem mais legitimidade, já que é aceita por todos os países.

Para Michael Punke, vice-representante comercial dos Estados Unidos e embaixador do país na OMC, todas as formas de negociação são complementares e os acordos plurilaterais também são uma ferramenta muito útil.

"Vamos continuar utilizando todas essas ferramentas de forma muito agressiva."

Os EUA estão negociando grandes acordos de livre-comércio, com a Ásia e a UE. No mesmo dia em que o acordo de Bali foi fechado, os negociadores americanos iniciaram em Cingapura mais uma rodada de conversas para tentar concluir a Parceria Trans Pacífica, que visa abolir tarifas e integrar as economias da Ásia e do Pacífico até 2015.

Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que comemorou os benefícios de facilitação de comércio obtidos no acordo de Bali, o Brasil também precisa se engajar nos acordos bilaterais.

"O Brasil não está imune às mudanças, e a comunidade empresarial percebeu que precisa perseguir uma estratégia ambiciosa de acordos bilaterais enquanto continua apoiando o sistema multilateral", disse Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da entidade.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página