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Brasil avalia abrir queixa contra regra da UE para carne

Governo hesitava sobre reclamar contra restrições do bloco, mas queixa europeia fez estratégia ser revista

Negociadores do Brasil creem que Europa possa ter usado caso para 'nublar' negociação com o Mercosul

DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA

O governo estuda "dar o troco" na União Europeia, iniciando processos contra o bloco na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Segundo a Folha apurou, estão "no forno" processos contra as barreiras europeias à importação de carne bovina, madeira e químicos.

Os processos brasileiros já estavam em andamento, mas o governo relutava a seguir em frente com medo da reação europeia.

Agora, o objetivo é acelerar o pedido de "consultas", que é o primeiro passo nos ritos da OMC, após a decisão da UE de questionar na OMC as políticas adotadas pelo Brasil para beneficiar a indústria nacional, principalmente o setor automotivo.

A estratégia é forçar um recuo político da União Europeia na queixa de ontem.

O processo brasileiro em estágio mais avançado é a carne bovina. Os frigoríficos não conseguem aproveitar totalmente uma cota oferecida pela Europa para a compra de carne de alta qualidade, chamada "cota Hilton".

A argumentação do Brasil é que a UE adota critérios mais rígidos com o país do que com o resto do mundo sobre o que é carne de alta qualidade. "Temos o desejo de abrir o processo na OMC e estamos consolidando a posição do setor", diz Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec (associação que reúne os frigoríficos).

A entidade vai decidir se leva o processo adiante ou não durante uma reunião do seu conselho em janeiro.

O setor privado é que arca com os custos dos advogados, que são altos.

TEMPO NUBLADO

A avaliação no governo brasileiro é que a UE decidiu abrir o processo na OMC para "nublar" a relação bilateral, porque não consegue avançar nas negociações do acordo de livre-comércio com o Mercosul.

Um dos motivos para que os europeus tenham pedido para adiar a troca de ofertas, prevista para este mês, pode ser a dificuldade em fechar uma proposta ambiciosa.

No início do ano, a UE sinalizou que zeraria as tarifas de importação para 90% dos produtos, mas enfrenta dificuldades na área agrícola, crucial para os brasileiros.

O Mercosul também não deve chegar a esse patamar.

A negociação com a UE é prioridade para o governo Dilma, que teme que o país seja isolado pelos mega-acordos em negociação pelos Estados Unidos com europeus e asiáticos.

A Folha apurou com fontes europeias que a decisão de iniciar a disputa com o Brasil ocorre após "um grande número de questionamentos não respondidos". Afirma ainda que é "totalmente independente" da negociação do acordo de livre-comércio.

No setor privado brasileiro, a percepção é que os europeus estão desconfortáveis com as barreiras adotadas pelo Brasil e pela Argentina no setor automotivo.

Na semana passada, o governo argentino sinalizou às montadoras que vai reduzir em 27,5% as importações de carros em 2014.

"Como os europeus vão convencer a França a abrir seu mercado agrícola desse jeito?", diz um empresário. (RAQUEL LANDIM E VALDO CRUZ)


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